Governos dos
dois países estão preocupados com a situação e disse que a decisão afeta os
compromissos assumidos pelo Governo venezuelano no âmbito dos Acordos de
Barbados
O governo
brasileiro manifestou na noite desta terça-feira (3) profunda preocupação com a
ordem de apreensão emitida pela Justiça da Venezuela contra
o opositor de Nicolás Maduro, Edmundo
González Urrutia. “Esta medida judicial afeta gravemente os
compromissos assumidos pelo Governo venezuelano no âmbito dos Acordos de
Barbados, em que governo e oposição reafirmaram seu compromisso com o
fortalecimento da democracia e a promoção de uma cultura de tolerância e
convivência”, diz a nota do Itamaraty, acrescentando que a decisão “dificulta,
ademais, a busca por solução pacífica, com base no diálogo entre as principais
forças políticas venezuelanas”. Na segunda-feira (2), o tribunal da
Venezuela emitiu uma ordem de prisão contra Urrutia, que reivindica sua
vitória nas eleições presidenciais de 28 de julho, nas quais Maduro foi
declarado vencedor em meio a denúncias de fraude.
“O tribunal de
primeira instância em funções de controle a nível nacional concorda com a ordem
de apreensão contra Edmundo González Urrutia por graves crimes”, escreveu o
Ministério Público em sua conta no Instagram, minutos depois de anunciar que
solicitava a prisão. O MP solicitou a um tribunal com jurisdição sobre
terrorismo o mandado de prisão contra González Urrutia por supostos crimes
relacionados às eleições, que incluem “desobediência das leis”, “conspiração”,
“usurpação de funções” e “sabotagem”. González Urrutia, 75 anos, foi
convocado a depor no MP em três ocasiões. Não compareceu a nenhuma delas,
embora a terceira tenha coincidido com um apagão em todo o país na última
sexta-feira, 30 de agosto.
Nesta terça,
González Urrutia disse descartou, por enquanto, pedir asilo em alguma embaixada
na Venezuela. “Temos pouco conhecimento sobre esse processo judicial”, explicou
nesta terça-feira seu advogado, José Vicente Haro, do lado de fora da
residência de González em Caracas. O mandado, que está a cargo da polícia
judiciária, ainda não foi executado. Maduro chamou o opositor de covarde por
estar “enconchado”, gíria popular para quem se esconde das autoridades, e
afirmou que ele está preparando a fuga. Haro indicou que o diplomata, por
enquanto, não procurou refúgio em alguma representação diplomática. “Não pediu
asilo. É uma questão que a família ou o senhor Edmundo González Urrutia não
levantaram”, declarou.
Por Sarah Américo
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