Eduardo Paes, prefeito do Rio de
Janeiro, e Elcio Queiroz, acusado de ser um dos executores de Marielle foram
chamados, mas não quiseram participar; ausências incomodaram defesa do deputado
Apenas uma das oito testemunhas
convidadas pela defesa do deputado federal Chiquinho Brazão (sem
partido-RJ) compareceu ao Conselho de Ética nesta
terça-feira (9). Marcos Rodrigues Martins, ex-assessor de Brazão na Câmara
Municipal do Rio, foi o único a depor no caso que pode resultar na cassação do
deputado, acusado de ser o mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco.
A ausência das demais testemunhas incomodou a defesa de Brazão. O advogado
Cléber Lopes reclamou que “servidores públicos têm o dever funcional de prestar
depoimento” e que a falta de testemunhas prejudica a decisão do Conselho de
Ética. Ele fez um apelo à relatora Jack Rocha (PT-ES).
Brazão havia solicitado que o
prefeito do Rio, Eduardo
Paes (PSD), e Elcio Queiroz, acusado de ser um dos executores de
Marielle, depusessem, mas ambos optaram por não participar. As testemunhas
convidadas não são obrigadas a comparecer. Marcos Rodrigues Martins, em seu
depoimento, minimizou a participação de Brazão em projetos de lei sobre
políticas fundiárias, ponto central da investigação da Polícia Federal sobre
o assassinato de Marielle. Ele explicou que um dos projetos de lei de 2015 foi
de autoria do Poder Executivo e alterado por Brazão, e que outro projeto passou
por mais de dez comissões, não sendo exclusivamente responsabilidade do
suspeito. Martins trabalhou com ele na Comissão de Assuntos Urbanos, presidida
por Brazão.
o entanto, a delação de Ronnie
Lessa, ex-policial militar e autor confesso das mortes, aponta que a atuação de
Marielle contra projetos de políticas fundiárias contrariava os interesses dos
Brazão, especialmente em áreas de milícia. A PF afirma que a proposta
“flexibilizava as exigências legais, urbanísticas e ambientais para a
regularização dos imóveis”, e que a bancada do PSOL, apesar de se opor, viu o
projeto ser aprovado, mas posteriormente declarado inconstitucional. Mais cedo,
o deputado federal Tarcísio Motta (PSOL-RJ), convidado pela relatora,
testemunhou que Marielle era o principal obstáculo às milícias no Rio de
Janeiro. Ele afirmou que a vereadora representava a maior ameaça aos interesses
políticos da milícia. Ocaso de Chiquinho Brazão no Conselho de Ética deve ser
concluído apenas em setembro. Até lá, ele continua como deputado federal, o que
pode resultar em mais de R$ 400 mil em salários para ele e seus 25 funcionários
de gabinete.
Por Jovem Pan
*Com informações do Estadão
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Publicada por Felipe Cerqueira
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