Destruição pode ser maior que a
do crack, alertam especialistas; droga é consumida com outras substâncias e até
com papel
A morte de ao menos 14 detentos supostamente por
overdose de drogas da família K acendeu um alerta das forças de Segurança de
Minas Gerais. O problema, segundo especialistas, se agrava com a facilidade de
esconder o entorpecente e o poder de destruição, que pode ser maior que o do
crack.
As drogas da família K são
substâncias produzidas em laboratório. Elas recebem nomes diferentes de acordo
com a forma como são consumidas. A K2 é quando o produto, em forma líquida, é
aplicado em papel. A utilização com tabaco, para fumo, é chamada de K4. Já
quando o material é pulverizado em outros entorpecentes, como maconha e
cocaína, o nome é K9.
Apesar da nomenclatura diferente,
os especialistas alertam que os sintomas do consumo das drogas são parecidos.
Elas afetam o sistema nervoso central e reduzem a consciência do usuário.
“Essas drogas levam a uma
agitação, alteração no humor do usuário, processo de hipertensão,
irritabilidade profunda, surtos psicóticos e até alucinação profunda, levando à
overdose e morte. Também há estudos que relatam que uso delas pode causar
câncer e outras doenças crônicas”, detalha Yuri Machado, perito da Polícia
Civil de Minas Gerais.
Mortes em presídios
O Governo de Minas Geraisinvestiga as mortes de ao menos 14 detentos que teriam tido overdose com asubstância. Eles estavam detidos nos Presídios Antônio Dutra Ladeira e Inspetor
José Martinho Drumond, ambos de Ribeirão das Neves, na região metropolitana de
Belo Horizonte.
As mortes em apuração foram
registradas entre dezembro do ano passado e abril deste ano. O último óbito ocorreu no dia 19. A reportagem
teve acesso ao laudo médico que indica possível consumo de K9. A família do
detento questiona como a droga teria entrado no presídio. A característica
líquida da substância, segundo especialistas, dificulta o controle.
“Todas as instituições precisam
se unir para criar novos protocolos de segurança e saúde porque além da entrada
indevida, os efeitos drásticos [da droga] preocupam. Não dá pra falar nesse
momento que há falta de estrutura. O sistema tem problemas, mas as grandes
unidades têm body scan e o equipamento de segurança preventivo, mas se você
molhar [a droga] e colar na blusa, o body scan não vai detectar”, alerta André
Luis da Silva, secretário da comissão de direito penal da OAB-MG (Ordem dos Advogados
do Brasil em Minas Gerais).
Do R7, com Vinícius Araújo, da
Record Minas
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