Em crise, o país sul-americano
oferece um caminho fácil para a cidadania e para escapar da guerra
Vivendo uma crise com inflação
que supera os 100%, a Argentina tem recebido cada vez mais russos fugindo da
guerra, a maioria mulheres grávidas inspiradas pela esperança de construir uma
nova vida.
Desde janeiro do ano passado, o
país sul-americano já recebeu mais de 22 mil russos, a maioria de classe média
e alta, de acordo com dados de migração do governo argentino. Só em janeiro
deste ano, foram quase cinco mil russos. Muitos desses recém-chegados são
mulheres em estágio avançado de gravidez.
Muitos pegam o voo diário da
Ethiopian Airlines com origem em Moscou, parando em Adis Abeba e São Paulo
antes de pousar em Buenos Aires — considerada uma rota relativamente barata por
cerca de US$ 2,5 mil.
Segundo o Ministério da Saúde de
Buenos Aires, no Hospital Fernández, o mais movimentado da capital, 10% dos
partos registrados no ano passado foram de mulheres russas. Neste ano, até
meados de fevereiro, o percentual chegou a 22% do total de nascimentos.
No hospital privado Finochietto,
os médicos deram à luz 50 bebês russos em dezembro do total de 180 nascimentos
registrados, disse o médico Guido Manrique, chefe de obstetrícia, ao Wall
Street Journal.
Propaganda atrai russos
Os russos encontram na internet
publicidade promovendo a Argentina com promessa de um país melhor para se
estabelecer e dar à luz. Agências como a RuArgentina, chamam o país
de “o melhor lugar para parir”. A empresa é de um russo que mora em Buenos
Aires há oito anos.
A maioria dos russos, porém,
parece ter descoberto sobre a Argentina por meio do aplicativo de mensagens
Telegram. A inflação descontrolada e sua história econômica conturbada não são
suficientes para assustar os russos. Os grupos, com mais de 20 mil usuários
compartilham informações sobre os regulamentos de imigração, o custo e a
qualidade dos hospitais, como encontrar apartamentos e contratar babás e
tradutores.
Para os homens, fugir para a
Argentina é a chance de escapar da convocação obrigatória para lutar contra a
Ucrânia. Já as mulheres que chegam ao país dando à luz conseguem cidadania
imediata aos recém-nascidos, bem como residência temporária e autorizações de
trabalho.
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