Pelo menos 500 profissionais de saúde devem trabalhar em áreas rurais do
país norte-americano
As relações entre México e Cuba se acentuaram desde a chegada de Miguel
López Obrador à Presidência. O histórico recente de contatos, reuniões e
viagens é extenso. A última viagem do presidente mexicano a Havana, por
exemplo, foi no início de maio. Na ocasião, López Obrador se ofereceu para
dissuadir o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, da ideia de remover Cuba,
Nicarágua e Venezuela da Cúpula das Américas.
Mas também há acordos de cooperação na área de saúde pública, centrados
principalmente em emergências sanitárias, aquisição de vacinas cubanas e
atendimento a pacientes com covid-19. Isso implica a contratação de médicos
cubanos, como ocorreu em 2020, quando 588 profissionais de saúde desembarcaram
na Cidade do México.
Desta vez, mais 500 médicos devem ser escalados para cobrir as regiões
mais remotas do México. López Obrador justifica essa medida por uma aparente
falta de profissionais de saúde, especialmente em áreas rurais.
O Banco Mundial informa que há 4,8 médicos para cada mil habitantes no
México. Na Argentina, há 4 profissionais para cada mil habitantes. Na Holanda,
a proporção é de 3,5, enquanto na França é de 3,2. Reino Unido (2,8), Canadá e
Estados Unidos, com 2,6, completam a lista.
O problema no México não é o número de médicos, mas a má política de
saúde pública, observa Hector Schamis, professor-adjunto do Centro de Estudos
Latino-Americanos da Escola de Relações Exteriores da Universidade Georgetown,
nos Estados Unidos. “E, em última análise, se a escassez de médicos fosse
verdadeira, existem organizações filantrópicas que mobilizam recursos para
prestar assistência médica em situações de vulnerabilidade”, observou o
colunista do portal Infobae.
Como mostrou reportagem publicada na Edição 111 da Revista Oeste, as missões
médicas cubanas violam os direitos humanos. Uma vez que estão em seus novos
“lares”, os profissionais de saúde têm o passaporte retido e a maioria do
salário confiscada. A recusa em obedecer às ordens da ditadura cubana implica
riscos aos médicos e aos familiares.
Diante das críticas e das denúncias de exploração, López Obrador disse
que os cubanos receberão o mesmo salário dos mexicanos. Mesmo assim, essas
missões foram classificadas como trabalhos análogos à escravidão, segundo a
Organização das Nações Unidas (ONU).
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