Antônio Celestino de Araújo faleceu em maio de 2018, aos 83 anos. — Foto: Arquivo pessoal |
Segundo a família, ossada encontrada durante exumação tinha dentes, mas Antônio Celestino de Araújo, que morreu em maio de 2018, usava próteses dentárias. A prefeitura disse que abriu sindicância para apurar.
A Polícia Civil
de Petrópolis, na Região Serrana do Rio, está investigando o sumiço de uma
ossada no cemitério do centro da cidade.
No dia 17 de
maio, a cabeleireira Inara Aparecida Araújo esteve no cemitério do centro para
acompanhar a exumação dos ossos do pai, Antônio Celestino de Araújo, que
faleceu em maio de 2018, aos 83 anos. Ele tinha quebrado o fêmur e teve
complicações enquanto aguardava uma cirurgia.
Em entrevista
ao G1, Inara contou que
Antônio foi enterrado numa das gavetas do cemitério, e que, quando acompanhava
a exumação dos ossos para colocá-los na campa de um familiar, ela pediu aos
funcionários para que abrissem o saco plástico, e percebeu que havia algo
estranho.
“Quando iam
colocar na campa da família da minha cunhada, pedimos para abrir o saco e vimos
que o crânio tinha dentes, enquanto que o meu pai usava prótese em cima e
embaixo”, contou Inara.
Inara disse
ainda que, além do crânio possuir dentes, dentro do saco plástico, tinha poucos
ossos e todos muito pequenos, enquanto que o pai dela tinha aproximadamente um
metro e noventa de altura.
Segundo a
cabeleireira, os funcionários do cemitério disseram que a gaveta era a correta,
e não souberam explicar porque os ossos que estavam lá não seriam do pai dela.
“Falaram que a
gaveta era aquela mesma, e que não sabiam o que fazer. A princípio pedimos um
DNA, mas eles disseram que isso era com a gente, que eles não podiam fazer”,
disse.
A família
procurou a polícia e ainda aguarda uma solução para o caso. “Ainda estamos
esperando uma resposta. Essa ossada ficou na campa da minha família, até
resolver a situação. Não temos nem o que pensar. Estamos transtornados com tudo
isso”.
O caso foi
registrado na 105ª DP do Retiro. Em depoimento à polícia, Inara disse que a
administração do cemitério se recusou a dar as cópias das fichas de
sepultamento e de exumação.
“Pode ter sido
desorganização do cemitério, porque tinha outra ossada lá. Estamos apurando se
houve furto ou se foi um erro administrativo”, disse o delegado João Valentim,
titular da 105ª DP e responsável pelo caso.
Em nota, a
Prefeitura de Petrópolis, que administra o cemitério, disse que abriu
sindicância para apurar a denúncia. O G1 também questionou a
prefeitura sobre a recusa da administração da unidade em apresentar documentos
à familiar e aguarda posicionamento.
Ossada
espalhada pelo cemitério
Em maio, dois
dias depois de acontecer o caso do sumiço da ossada, um vídeo viralizou na
internet quando um homem pediu "mais
amor pelo ser humano" ao flagrar ossos espalhados pelo cemitério.
O caso
repercutiu na cidade e fez com que outros moradores de Petrópolis se
identificassem com a situação. É o caso do estofador Cristiano Barcellos de
Carvalho, que esteve no cemitério no dia 12 do mês passado para o enterro de um
familiar, cinco dias antes da divulgação do vídeo, e presenciou a mesma cena.
Crânio estava entre os ossos encontrados espalhados por cemitério em Petrópolis, no RJ — Foto: Reprodução |
“É uma
situação vergonhosa, humilhante. Você ter que caminhar sobre restos mortais.
Minha esposa acabou ficando sobre uma arcada dentária. Eu simplesmente fiquei
envergonhado”, disse.
A terapeuta
Adriana Silva, disse que, quando viu a situação que foi exposta no vídeo, se
lembrou de quando, há quatro anos, foi fazer a exumação da ossada da mãe dela,
para enterrar a madrasta.
“Quando o
caixão desceu, o rapaz do cemitério já estava com o saco plástico com os ossos
na mão, estava levando para algum lugar, só não disse para onde. Eu dei uma
bronca nele, disse que não ia levar pra lugar nenhum”, contou Adriana, que, na
época, pediu para colocar o saco com os ossos, ao lado do caixão onde estava
sendo sepultada a madrasta dela. “Um descaso, muita falta de respeito e
ignorância”.
Sobre a ossada
exposta, a Prefeitura informou que também abriu sindicância para apurar o caso.
Um funcionário do cemitério foi afastado das funções.
Por Lucas Machado e Karine Knust, G1 —
Petrópolis
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