UE só vai aceitar turistas imunizados com vacinas aprovadas
pelo bloco. DADO RUVIC/ILLUSTRATION/REUTERS
Bloco só vai
permitir entrada de viajantes que tomaram uma das vacinas aprovadas, duas das
quais não chegaram ao Brasil
Na semana passada, a União Europeia anunciou que só aceitará a entrada de turistas que tomaram alguma das vacinas contra covid-19 já aprovadas pelo bloco: os imunizantes da Pfizer, Oxford/Astrazeneca, Johnson e Moderna.
Dentre elas, a
vacina de Oxford é distribuída em larga escala no Brasil e o país recebeu um
lote de 1 milhão de doses da Pfizer no final de abril. Ainda não há previsão de
quando chegarão as doses da Moderna. No caso da Johnson, existe
a previsão de entrega a partir de julho.
A outra vacina
aprovada no Brasil, a CoronaVac, ainda está sendo analisada pela Agência
Europeia de Medicamentos, que anunciou na última terça-feira (4) que começaria
os estudos do imunizante da Sinovac
para aprovação ou recusa.
Com isso,
aqueles que foram imunizados com a CoronaVac ficam em dúvida se poderão viajar
para algum dos países que compõem o bloco num futuro próximo, quando as
restrições contra viajantes brasileiros foram suspensas. Por enquanto, turistas
vindos do Brasil não podem entrar no Espaço de Schengen, um grupo de 26 países
com fronteiras abertas entre si, por causa da variante brasileira.
Segundo o
professor de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo) Fernando Aith, os
países que formam a União Europeia têm o direito de decidir quem pode entrar em
seus territórios e quais as vacinas que eles aceitam.
“Isso faz parte
do exercício de soberania desses países”, explica. “Os governos têm plenos
poderes para decidir quem entra e quem não entra”.
Na
segunda-feira (3), a Comissão
Europeia propôs que o bloco aceitasse pessoas plenamente imunizadas com outros
fármacos. Ainda não foi definido quais serão os próximos passos das
autoridades.
A aprovação
das vacinas
A Agência
Europeia de Medicamentos é um dos órgãos reguladores mais importantes no mundo,
e um dos mais rígidos.
Para uma vacina
ser aprovada, são analisados os dados da fase 3 dos ensaios clínicos e todos os
dados fornecidos pelos fabricantes. Neles, é necessário estar claro quantas
pessoas tomaram o imunizante, os efeitos colaterais e os estudos, esclarece o
professor.
Nas análises,
são medidas a eficácia, qualidade e segurança da vacina. Para os europeus, as
vacinas precisam ter mais de 50% de eficiência, o mesmo índice aprovado pela
OMS. A CoronaVac chega a 62,3% de eficácia, segundo testes.
Essas empresas
também podem publicar os estudos e resultados em revistas científicas
indexadas, o que corrobora com a eficácia da vacina e reputação do
fármaco.
"Na
publicação em revistas científicas, outros cientistas leram os resultados e
viram que eles comprovam a eficácia", diz Aith. "Essas revistas têm
exigido cada vez mais a abertura dos bancos de dados."
Apesar de não
ser um processo relevante durante a análise das agências reguladoras, a
publicação nas revistas científicas aumenta o acesso desses dados e resultados
para toda a comunidade e aqueles que se interessarem pela especificação de cada
vacina.
A Anvisa, órgão
regulador brasileiro, segue o modelo europeu de análises e aprovação. Até
agora, o Brasil só não aprovou uma vacina que está sendo usada pelo mundo, a
Sputnik V, produzida na Rússia.
O que pode
acontecer agora
Para quem tomou
a CoronaVac e pretende viajar ao Velho Continente, será necessário aguardar
para ver os próximos passos do bloco.
Mesmo com a
decisão conjunta da União Europeia, cada país tem a autonomia para decidir se
vai aceitar cidadãos imunizados com outras vacinas, ou não. Então, é possível
que um país libere a entrada de brasileiros e outros barrem os turistas.
"Tem que
acompanhar cada país e as vacinas que eles vão aprovar", recomenda o
especialista.
O Brasil pode
tentar negociar com as autoridades europeias para abrir uma brecha, ou então,
aplicar o princípio da reciprocidade e não permitir que europeus entrem no
país.
Com a entrada
do pedido da Sinovac, é possível que o bloco aceite a vacina e autorize a
vacina, o que permitirá que todos os cidadãos vacinados possam entrar
tranquilamente na Europa, desde que apresentem comprovantes da vacina.
Giovanna Orlando, do R7
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