Arte: Infobae |
Regime socialista pode ouvir qualquer conversa no país, seja por telefone ou reunião presencial, controlando os smartphones daqueles considerados “alvos da inteligência chavista”.
A reforma
de duas leis relacionadas ao direito à liberdade de expressão que
Nicolás Maduro deseja fazer para garantir a mão do Estado sobre a internet é o
mais recente movimento do ditador venezuelano para avançar com seus planos de
permanência no poder.
As mudanças
na Lei de Responsabilidade Social em Rádio, Televisão e Mídia
Eletrônica e a criação da Lei do Ciberespaço preenchem uma lacuna jurídica. Elas
fornecem uma fachada de legitimidade e justificam a perseguição ao criminalizar as opiniões divergentes, algo que a ditadura
socialista vem fazendo há anos.
A capital
Caracas conta com o suporte tecnológico de Pequim nessa tarefa. Por meio do
Centro de Inovação em Cibersegurança (CIC), a ditadura chinesa fornece à
ditadura chavista ferramentas necessárias para espionar e coletar informações
sobre alvos-chave. Mas, ao mesmo tempo, há a possibilidade de manipular a
opinião pública nas redes sociais e gerar ataques cibernéticos.
O Centro de
Inovação em Cibersegurança foi formalmente apresentado em dezembro de 2017,
quando o jornal porta-voz do Partido Comunista Chinês, o Diário
do Povo, publicou que o CIC foi construído por diretiva da Comissão Central
para o Desenvolvimento Civil e Militar Integrado. Este corpo tecnológico do
regime comunista tem a missão de estabelecer um sistema de defesa digital para
os militares chineses e ajudar a vencer futuras guerras cibernéticas. Também é
utilizado para identificar “ameaças” internas ao Estado comunista e controlar a
população.
O governo do
Partido Comunista Chinês (PCC) usa
essa plataforma em sua capacidade total. É por meio dela, por exemplo,
que são lançadas campanhas de difamação contra grandes marcas internacionais
que denunciam a violação
de direitos humanos na região de Xinjiang. Os Estados Unidos acusam o
regime do PCC de cometer um genocídio contra a minoria étnica uigur.
Plataforma de monitoramento do 360 Enterprise Security Group,
em Pequim. | Foto: Jiang Jie/Diário do Povo.
Para além de
espalhar campanhas online e mobilizar sentimentos, o CIC tem outras capacidades
mais técnicas quando se trata de atacar um alvo específico. Isso inclui
interferir em IPs (uma série de números que identifica um dispositivo na rede)
ou invadir um telefone celular de qualquer cidadão e ativar suas ferramentas
-câmeras frontal e traseira, microfone-, manipular outros aplicativos que foram
instalados e acessar o arquivo de vídeos e fotos.
Desta forma, o
Estado pode gravar qualquer conversa telefônica entre pessoas que o regime
considera “alvo da inteligência chavista“. O ditador venezuelano
também pode fazer um registro visual usando as câmeras do celular invadido.
Com a
inauguração do CIC na China, teve início a maior colaboração entre os ditadores
Xi Jinping e Nicolás Maduro na área de espionagem e guerra cibernética. Para o
Partido Comunista Chinês, manter Maduro no poder é uma prioridade.
Em 2019, a
Infobae reportou parte do funcionamento desta rede. Uma das ações foi contra
líderes críticos da ditadura chavista, que foram enganados com mensagens no
WhatsApp de “supostos aliados” para encontros que nunca aconteceriam. Ao
chegarem ao “encontro”, eram sequestrados pelo Serviço de Inteligência
Bolivariano (Sebin). Em seguida, levados para um local onde ficaram detidos por
horas e alguns também foram torturados.
A Infobae cita um militar venezuelano que, sob a condição de
anonimato, forneceu detalhes sobre as novas capacidades da plataforma de
espionagem eletrônica chinesa. Ele garante que o sistema foi atualizado para
aumentar as capacidades de controle cibernético e monitoramento do estado de
espírito da sociedade em relação a Maduro.
“Com esse
avanço eles podem monitorar toda a população. Repito: toda a população. Acima
de tudo, é claro, eles se concentram nos adversários e nos mais críticos”,
disse o soldado.
À medida que
aumenta a incerteza em torno do ditador venezuelano, a espionagem também é
feita contra militares e seus próprios aliados.
“Alguns já
foram avisados e preferem fazer reuniões com seus celulares longe, para não
serem ouvidos”, disse o especialista em inteligência militar citado pela Infobae.
A plataforma
fornecida pelo Partido Comunista Chinês também é fundamental para que o regime
chavista desvie o debate público de questões importantes. A destruição da
economia venezuelana pelo regime socialista fica em segundo plano.
A plataforma
fornecida pelo CIC chinês também neutraliza contas e perfis nas redes sociais e
antecipa tendências que poderiam gerar algum tipo de manifestação contra
Maduro. O controle social que Maduro impõe graças a esta
ferramenta cibernética de Pequim era inconcebível há alguns anos.
Uma das táticas
que ele utiliza serve para desviar a atenção de centenas de milhares de
usuários insatisfeitos com o salário mínimo de menos de 4 dólares, a escassez
de alimentos e insumos básicos, conseguindo assim gerar falsos debates. Como
aconteceu recentemente com escândalos envolvendo personalidades do mundo do
entretenimento na Venezuela.
By Thaís Garcia
Com
informações, Infobae.
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