"Não pode ser obrigado", disse Bolsonaro sobre vacinação.
Adriano Machado/Reuters - 09.11.2020
Presidente
garantiu a compra do imunizante no enfrentamento ao novo coronavírus, mas
reafirmou ser contra a vacinação obrigatória
O
presidente Jair
Bolsonaro voltou a afirmar nesta quarta-feira (11), em transmissão
pelas redes sociais, que é
contrário à vacinação obrigatória contra covid-19, mas destacou que se
o imunizante no enfrentamento ao novo coronavírus receber o aval tanto do
Ministério da Saúde quanto da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
será comprado e ofertado pelo governo federal.
"Não pode
ser obrigado. Quem não quer tomar a vacina, caso ela chegue, seja aprovada pela
saúde e certificada pela Anvisa, o governo federal, a princípio, nós vamos
comprar. Se não tiver nenhum impedimento, nós vamos comprar a vacina.
Disponibilizaremos, claro, mas jamais da nossa parte ela será obrigatória. Não
tem cabimento", disse.
A declaração
foi dada no mesmo dia em que a Anvisa autorizou
a retomada dos testes com a CoronaVac, vacina da chinesa Sinovac que
está sendo testada no país pelo Instituto Butantan, após uma interrupção
determinada na segunda-feira (9).
Na véspera,
Bolsonaro chegou
a comemorar nas redes sociais a suspensão pela Anvisa dos testes com a
CoronaVac após relato de um evento adverso grave. Posteriormente,
soube-se que um voluntário suicidou-se. Após receber oficialmente essa
informação, o órgão regulador autorizou o prosseguimento dos trabalhos.
Bolsonaro
barrou no mês passado a compra pelo Ministério da Saúde da vacina que está
sendo testada pelo Butantan, contestando sua a eficácia e procedência, em meio
a uma disputa com o governador de São Paulo e seu desafeto, João Doria.
Na transmissão
desta quarta-feira, o presidente fez uma comparação em se obrigar a se vacinar
contra covid-19 e se usar a cloroquina, medicamento sem eficácia comprovada
para o tratamento da enfermidade defendido por ele.
"Nunca
obriguei a ninguém a tomar cloroquina", disse, ao citar o uso doremédio
para outras doenças e dizer que ela não seria experimental para a covid-19.
Bolsonaro, que na véspera disse que o Brasil tem que deixar de ser um país de
maricas, numa referência pejorativa ao receio com a covid-19, comemorou nesta
quarta a recente melhoria nos dados da pandemia no país.
"Pelo que
tudo indica, acho que ontem morreram menos de 300 pessoas, a gente lamenta, mas
o número de mortos tem caído vertiginosamente no Brasil. Espero que continue
assim, que estamos atingindo a tal imunidade de rebanho", disse.
Novamente, o
presidente disse que lamenta as mortes e criticou aqueles que dizem que ele
seria insensível, mas defendeu se enfrentar a questão e citou que todo mundo
vai morrer um dia.
O Brasil, com
163.373 mortos e 5.748.375 casos, é o segundo país com maior número de
mortes por coronavírus no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, e o terceiro
em casos, abaixo dos EUA e da Índia.
Reuters
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