Manifestação foi divulgada pelo Ministério da Economia.
Adriano Machado/Reuters - 3.1.2019
Decisão do
Parlamento Europeu destacou "extrema preocupação” com a política ambiental
adotada pelo presidente Jair Bolsonaro
O governo brasileiro reagiu nesta quarta-feira (7) à decisão do Parlamento Europeu de aprovar de forma simbólica uma resolução rejeitando o acordo entre União Europeia e Mercosul e a classificou de "manifestação de cunho político", sem efeitos reais sobre o processo legal de apreciação do tratado.
Em nota
divulgada pelo Ministério da Economia, o governo disse "acompanhar com
atenção" a manifestação dos membros do Parlamento Europeu durante a
aprovação do relatório de 2018 sobre a implementação da política comercial comum
entre os dois blocos. A resolução manifesta oposição ao acordo e diz que o
pacto "não pode ser ratificado como está".
Em uma versão
preliminar, o documento destacava "extrema preocupação com a política
ambiental de Jair Bolsonaro, que vai na contramão dos compromissos firmados no
Acordo de Paris, em particular no que trata do combate ao aquecimento global e
proteção da biodiversidade". Mais tarde, o trecho que citava nominalmente
o presidente foi suprimido, mas o tom de alerta permaneceu.
"Trata-se
de manifestação de cunho político que, no entanto, ainda não se constitui como
etapa do processo legal de apreciação parlamentar desse tratado", disse a
Economia.
O acordo entre
União Europeia e Mercosul foi fechado em junho de 2019 após vinte anos de
negociações marcadas por idas e vindas. Desde então, porém, a política
ambiental do governo entrou na mira de críticas de investidores e de
autoridades, inclusive europeias.
Episódios como
as queimadas na Amazônia, em meados do ano passado, e no Pantanal, mais
recentemente, ajudaram a reforçar a imagem negativa da política de preservação
ambiental do Brasil no exterior. A Economia reafirmou seu entendimento de que o
acordo "não representa qualquer ameaça ao meio ambiente, à saúde humana ou
aos direitos sociais".
"Ao
contrário, reforça compromissos multilaterais e agrega as melhores práticas na
matéria. O acordo contém dispositivos destinados ao fortalecimento da
sustentabilidade ambiental e contempla atividades de cooperação técnica para a
preservação da biodiversidade, o gerenciamento de florestas nativas, a pesca e
a vida animal", diz o comunicado.
A pasta lembra
ainda que o próprio tratado tem um capítulo sobre comércio e desenvolvimento
sustentável. "Dessa forma, o Ministério da Economia compreende que a
melhor maneira de endereçar as legítimas preocupações ambientais seria a
própria aprovação e implementação do acordo", afirma.
A Economia
informa ainda que as equipes técnicas do Mercosul e da Comissão Europeia estão
dedicadas à revisão legal e jurídica do acordo e à solução de questões técnicas
pendentes para possibilitar sua tradução, assinatura e encaminhamento para
apreciação pelos parlamentos das partes.
"O governo
brasileiro segue empenhado em dar célere encaminhamento a todas as etapas do
processo até alcançar o objetivo comum de sua entrada em vigor. Para o Brasil,
esse acordo é um marco histórico no relacionamento entre o Mercosul e a União
Europeia e, em um momento de tensões e incertezas no comércio internacional,
somadas à crise de saúde mundial, ressalta o seu compromisso com o livre
comércio, o desenvolvimento sustentável e a proteção do meio ambiente",
diz a nota.
"O Ministério
da Economia ressalta a sua profunda convicção de que o acordo trará importantes
contribuições para os necessários avanços às sociedades de ambos os blocos em
sintonia com as melhores práticas e regras relacionadas à sustentabilidade
ambiental."
Agência
Estado
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