Os médicos estão atentos ao novo protocolo. Foto: Allexandre Costa |
Na próxima
semana, mais encontros serão realizados no Pronto-Socorro
Quatro meses de
pandemia e ainda muitos desafios para a medicina, principalmente no Brasil, que
passa por um período de crescimento de casos de Coronavírus em diversos Estados
e municípios. Mas, enquanto a vacina não chega, profissionais da Saúde buscam soluções
para amenizar esse quadro no combate à doença. Em Rio das Ostras, médicos
debatem sobre nova sugestão de protocolo para Covid-19, uma atualização de
manejo clínico da doença.
Os encontros
são realizados em vários dias da semana a fim de alcançar o maior número de
profissionais possível, sendo ministrados pela médica infectologista da Rede
Municipal de Saúde, Dra. Beatriz Rudnicki. Respeitando as medidas de
distanciamento, contam com a presença de no máximo quatro médicos em cada
reunião. Um destes encontros aconteceu na tarde desta sexta-feira, dia 19, no
auditório da Secretaria de Turismo.
Assim como em
outras reuniões, o objetivo é transmitir aos colegas médicos que atendem casos
de Covid-19 no Município, detalhes sobre um protocolo aplicado em alguns
hospitais de Madrid, na Espanha, que apresentou bons resultados. Trata-se de um
protocolo já introduzido no Brasil pela também infectologista piauiense Dra.
Marina Bucar, que trabalha no país europeu há 13 anos.
De acordo com a
médica de Rio das Ostras, este protocolo indica o tratamento precoce, desde os
primeiros sintomas da primeira fase da doença, que é da multiplicação viral,
com uso de hidroxicloroquina somada a azitromicina e anticoagulantes
profiláticos, evidentemente para pacientes que não apresentam contraindicações
ao uso desses medicamentos.
“Caso a doença
já tenha evoluído para a segunda fase, que é a inflamatória, há a introdução de
corticoide venoso, em doses únicas diárias (pulsos) por período de 3 a 5 dias,
evitando ou minimizando assim a progressão da doença”, explicou Dra. Beatriz
Rudnicki.
Ainda segundo a
infectologista, outro aspecto importante destes encontros com médicos da Rede
Municipal é a sedimentação dos aspectos clínicos da doença, suas
especificidades fisiopatológicas, para que o profissional possa reconhecer a
probabilidade de Covid-19, já que a oferta do exame RT- PCR é mínima e seu
resultado demora dias, que são extremamente preciosos para a instituição do
tratamento precoce, antes das complicações da doença.
O prefeito
Marcelino Borba e a secretária de Saúde de Rio das Ostras, Dra. Jane Blanco
Teixeira aprovaram a ideia de implantação do novo protocolo e também estão
acompanhando todo o processo junto à classe médica. Vale ressaltar que a
decisão de aceitar essa sugestão de protocolo será do médico que atender o
paciente com a sua respectiva autorização.
EXPECTATIVAS
– Dra. Beatriz Rudnicki disse que a expectativa em Rio das Ostras é
que após a introdução do protocolo, os resultados sejam os mesmos dos
observados nos outros serviços que o utilizaram, para diminuição dos números de
doentes graves; da taxa e tempo de internação no Pronto-Socorro e UTI; da taxa
de letalidade e do período de transmissão da doença pelos pacientes.
“Existem
evidências suficientes para introduzir esse protocolo em nosso Município.
Precisamos trabalhar os aspectos clínicos da doença e o mais importante é a
mudança de visão sobre esse contexto, tanto por profissionais como pela população.
Se alguém adoeceu, é preciso procurar um médico para avaliar o quadro”,
completou a médica.
ENTENDA O
PROTOCOLO – O protocolo desenvolvido pela médica piauiense Marina
Bucar foi testado em Madrid, na Espanha. Com eficácia já comprovada no país europeu,
vem salvando vidas. Segundo a médica, o conhecimento acumulado pelos médicos
que estão há cerca de dois meses atendendo pacientes com Covid-19 em outros
países e relatos de colegas do Brasil levaram um grupo de médicos do Piauí a
elaborar e propor a implantação deste protocolo no Estado.
O principal
objetivo elencado no protocolo é o de estabelecer o tratamento de casos de
Covid-19 com hidroxicloroquina e azitromicina o mais precocemente possível,
ainda na fase infecciosa, pois, segundo os médicos, no momento que se inicia a
fase inflamatória da doença, a condição do paciente se deteriora rapidamente e
muitos irão necessitar de leitos em Unidade de Terapia Intensiva – UTI, os
quais podem se tornar insuficientes, segundo as projeções do Ministério da Saúde.
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