Crianças nascidas fora do casamento ​​não recebem alimentos e vacinas na Coreia do Norte | Rio das Ostras Jornal

Crianças nascidas fora do casamento ​​não recebem alimentos e vacinas na Coreia do Norte

KCNA via AP

De acordo com as leis norte-coreanas, mães solteiras são proibidas de registrar o nascimento de seu bebê, o que significa que a criança não tem direito a proteções legais na Coreia do Norte. No início deste mês, a política foi revelada quando mães, em uma província do sul de Pyongyang, foram para hospitais com seus bebês para vaciná-los, e os filhos de mães solteiras foram rejeitados.
Uma fonte, um morador da província de Pyongan do Sul que pediu anonimato, disse na terça-feira ao Serviço Coreano da Radio Free Asia(RFA) que para receber uma vacina como parte do programa anual “Vacina da ONU”, uma criança precisaria de uma certidão de nascimento – algo a que aqueles que nasceram fora do casamento não têm direito.
A fonte explicou: “Na semana passada, os hospitais locais de nossa província forneceram suplementos nutricionais para bebês com menos de um 1 ano de idade e crianças até 5 anos. Eles também deram vacinas para prevenir a poliomielite e a tuberculose. Os bebês nascidos fora do casamento não foram incluídos nas listas de vacinação depois do ano passado, porque seus nascimentos não foram registrados. Somente crianças cujas certidões de nascimento são confirmadas pelas autoridades de saúde estão incluídas na lista de vacinação”.
Uma segunda fonte, um morador da província de Pyongan do Norte que foi citada pela rádio, disse que o número de mães solteiras na Coreia do Norte está aumentando.
Apesar de permanecer em grande parte isolada do mundo exterior, a atitude de muitos norte-coreanos em relação ao casamento está mudando. Mais e mais pessoas estão envolvidas em sexo antes do casamento, o que está levando a um aumento no número de filhos nascidos de mães solteiras.
A fonte não identificada disse que muitas das mulheres, que têm filhos com homens com quem não são casadas, são da geração mais jovem.
A fonte explica: “Os bebês recém-nascidos, que têm pais que não registraram seu casamento, não têm permissão legal para registrar seus nascimentos porque seus pais biológicos não são identificados”.
Não há estatísticas oficiais disponíveis sobre o número de mães solteiras na Coreia do Norte.
Quando a abertura do programa de imunização é anunciada a cada ano, as famílias vão para o hospital local para aproveitar as doses gratuitas e a ajuda alimentar. Essa oferta de alimentos e vacinas gratuitas é muito valorizada pelos pais, já que muitos deles têm que lutar muito para alimentar seus filhos.
Fome e ajuda internacional
A Coreia do Norte depende fortemente de programas de ajuda do UNICEF e de outras agências da ONU. Pois, a pobreza é abundante na nação de 25,5 milhões de habitantes.
As Nações Unidas já calcularam que mais de 10 milhões de norte-coreanos precisam de ajuda alimentar; e cerca de 40% dos cidadãos estão desnutridos.
O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas considera uma média 600 gramas de grãos por pessoa, por dia, como o mínimo necessário para sobreviver a longo prazo. No entanto, no regime socialista norte-coreano, o povo passou a consumir 300 gramas de comida por dia em 2020.
Em 2017, um desertor da Coreia do Norte revelou ao Daily NK detalhes angustiantes do que as pessoas fazem para conseguir comida. Lee Wi-ryeok contou que, quando criança, ele foi alimentado com milho extraído de esterco de vaca. Ele disse: “Se uma vaca excretasse grãos de milho na forma de diarreia, nós os lavaríamos e os comeríamos”.
Durante a fome na Coreia do Norte, de 1994 a 1998, Lee Wi-ryeok viveu em um orfanato. Apesar do “fim” da extrema fome, ela ainda continua sendo um grande problema presente na vida de milhões de norte-coreanos.
Por Thaís Garcia
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