Bolsonaro fez dois exames para detectar doença. Marcello Casal Jr./Agência Brasil - 24.04.2020 |
Presidente
afirmou que vai se sentir "violentado" se for obrigado a apresentar
os documentos que provem que não contraiu a doença
O presidente
Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (30) que apresentará os seus exames para o diagnóstico do novo coronavírus,
caso a AGU (Advocacia-Geral da União) perca recurso na Justiça que garanta sua
intimidade. "A Advocacia-Geral da União (AGU) deve ter recorrido. E se nós
perdermos o recurso, daí vai ser apresentado. E vou me sentir violentado. A lei
vale para o presidente e mais humilde cidadão brasileiro", declarou.
Nesta
quinta-feira (30), se encerra o prazo concedido pela Justiça Federal à União
para que fossem apresentados os exames para diagnóstico do novo coronavírus
realizados pelo presidente. Na segunda-feira (27), por decisão da juíza Ana
Lúcia Petri Betto, o jornal O Estado de S. Paulo conseguiu na Justiça o direito
de obter os testes de covid-19 feitos por Bolsonaro.
"Você sabe
que tem uma lei que garante a intimidade, né? Se nós dois estivermos com uma
doença grave, não somos obrigados a divulgar o laudo. Essa é uma lei e lei vale
para todo mundo", afirmou.
Antes mesmo de
ser oficialmente notificada, a AGU enviou à Justiça Federal de São Paulo uma
manifestação na qual se opõe à divulgação do resultado do exame de Bolsonaro.
Em seis páginas, a AGU diz que o pedido deve ser negado, sob a alegação de que
a "intimidade e a privacidade são direitos individuais". Procurado, o
Planalto disse que não iria se manifestar.
Bolsonaro fez o
exame para o vírus duas vezes, em 12 e 17 de março, após voltar de missão
oficial nos Estados Unidos, onde se encontrou com o presidente Donald Trump.
Nas duas ocasiões, o chefe do Executivo informou, via redes sociais, que testou
negativo para a doença, mas não exibiu cópia dos resultados. Pelo menos 23
pessoas que acompanharam o presidente na visita aos Estados Unidos, incluindo
auxiliares próximos, foram diagnosticadas posteriormente com a doença.
No dia seguinte
a decisão da Justiça, na terça-feira (28), em fala na frente ao Palácio da
Alvorada, o presidente comentou a decisão e insistiu que não havia contraído o
vírus.
"Da minha
parte, não tem problema mostrar (o resultado), mas eu quero mostrar que eu
tenho o direito de não mostrar. Pra que isso? Daqui a pouco quer saber se eu
sou virgem ou não, vou ter de apresentar exame de virgindade para você. Dá
positivo ou negativo, o que vocês acham aí?", disse o presidente na ocasião.
Ele destacou
que nunca apresentou os sintomas da covid-19. "Vocês nunca me viram aqui
rastejando, com coriza... eu não tive, pô (novo coronavírus). E não minto. E
não minto. Eu infelizmente não tenho aqui o número da lei nem o artigo.
Desculpa aqui, mas se nós dois estivermos com aids, por exemplo, a lei nos
garante o anonimato. Tá certo? Por que pra mim tem de ser diferente?",
questionou o presidente.
Codinomes
O chefe do
Executivo informou ainda que nos últimos dez anos tem utilizado codinomes nos
pedidos de exames e receitas de medicamentos. "Eu sempre falei com o
médico, 'bote o nome de fantasia' porque pode ir pra lá, Jair Bolsonaro, já era
manjado, principalmente em 2010, quando comecei a aparecer muito, né; Alguém
pode fazer alguma coisa esquisita. E assim foi em todo exame que eu faço, que
tem um código", afirmou.
Por R7
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