Ronaldinho
foi preso no Paraguai na última sexta-feira
Jorge
Adorno/Reuters - 6.3.2020
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Órgãos da
Justiça paraguaia suspeitam que ex-jogador e Assis, seu irmão, estejam ligados
com organização criminosa e lavagem de dinheiro
Ronaldinho
Gaúcho e Roberto AssiS estão sendo investigados neste momento por diversos
órgãos no Paraguai. O objetivo de todos é comum: descobrir por qual razão os
dois obtiveram passaportes falsos. A principal suspeita do Ministério Público é
de que ambos possam fazer parte de um amplo esquema de adulteração de
documentos com a finalidade de conseguir negócios ilegais no país. Há,
inclusive, a desconfiança de que a trama envolveria lavagem de dinheiro.
O ponto de
partida das investigações passa pelo Ministério do Interior do Paraguai,
responsável pela Direção Geral de Imigração, setor que cuida da entrada e saída
de estrangeiros do país. Por isso, uma equipe da Secretaria Nacional
Anticorrupção foi instalada dentro do ministério. A previsão é de que a
investigação na pasta durará ao menos 60 dias.
Diante da
repercussão internacional do caso, a promessa das autoridades paraguaias é
"colocar a casa em ordem" e tratar a prisão de Ronaldinho como uma
questão de segurança nacional. "Hoje, nossa prioridade é colocar a casa em
ordem e solucionar este caso envolvendo Ronaldinho Gaúcho", disse a nova
diretora-geral de Imigração, María de los Ángeles Arriola. "Não devemos
apenas controlar a entrada e saída, mas somos o primeiro filtro de segurança do
Estado."
Dois
funcionários do departamento já foram indiciados pelo Ministério Público por
supostamente facilitarem a entrada de Ronaldinho Gaúcho e seu irmão no país com
passaportes falsos na semana passada. A dupla e mais três pessoas foram
identificadas por câmeras de segurança do Aeroporto Internacional Silvio
Pettirossi, na cidade de Luque. Eles teriam recebido os passaportes dos brasileiros
e não alertaram as autoridades de que os documentos eram falsos. Os
funcionários, inclusive, até carimbaram os passaportes, permitindo a entrada
dos brasileiros. Por isso, foram denunciados por produção de documentos
públicos de conteúdo falso e associação criminosa.
Considerada
peça-chave do esquema, a empresária Dalia Angélica López Troche teve a sua
prisão decretada, mas está foragida. Ela foi a responsável por negociar a
viagem de Ronaldinho e o irmão ao Paraguai e também teria cuidado da confecção dos
passaportes falsos. Segundo o Ministério Público, ela integra uma organização
criminosa estruturada para facilitar a preparação e o uso de documentos de
identidade e passaportes falsos.
Outro elemento
importante no caso é Wilmondes Souza Lira, empresário brasileiro amigo de
Ronaldinho e seu irmão. Ele está preso no mesmo presídio que o ex-jogador. Ao
lado da mulher, Paula Lira, eles apresentaram Ronaldinho e Assis à Dalia e
estavam interessadas em abrir uma empresa no Paraguai. Os passaportes paraguaios
os ajudariam na operação desse novo empreendimento.
O que os
investigadores querem saber é qual seria a real atividade dessa empresa. Os
celulares de Ronaldinho Gaúcho e seu irmão foram apreendidos e a expectativa é
de que a perícia do conteúdo dos aparelhos ajude a entender melhor a conexão
entre os brasileiros e Dalia. A empresária, por exemplo, possui negócios nos
ramos de comercialização de produtos eletrônicos, transporte, informática e
móveis, que, segundo a Subsecretária de Estado e Tributação do Paraguai, teria
ocultado ganhos de US$ 10 milhões (cerca de R$ 47 milhões) ao Fisco.
O juiz Gustavo
Amarilla negou na terça-feira pedido de prisão domiciliar a Ronaldinho e seu
irmão sob a justificativa de que se ambos saíssem da cadeia poderiam prejudicar
as investigações. "Pode ser que eles estavam fazendo o simples uso dos
passaportes, mas também há outras crimes que estão sendo investigados",
justificou Amarilla.
Agência Estado
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