Ex-primeira-dama defende uso de helicópteros |
O
ex-governador Sergio Cabral e a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo participaram
nesta quinta-feira (5/3) de uma audiência na 32ª Vara Criminal do Tribunal de
Justiça do Rio. Os dois foram interrogados no processo em que respondem pelo
uso irregular de helicópteros oficiais e negaram terem infringido qualquer norma,
apesar de Cabral ter reconhecido ter havido excesso no uso das aeronaves.
Respondendo a
uma das questões da denúncia feita pelo Ministério Público, Cabral afirmou que
a compra de dois helicópteros novos, que vieram somar-se a outros três que o
Governo do Estado já possuía, fez parte de uma política de recuperação do
patrimônio do Estado, assim como a compra de novas viaturas para a Polícia
Civil e de reformas em escolas, delegacias etc.
Sobre o uso das
aeronaves para uso diário, inclusive nos finais de semana, quando a família se
deslocava para Mangaratiba, na Costa Verde do estado, ele afirmou que apenas
cumpria uma determinação do Gabinete Militar, que exigia que o governador e sua
família se deslocassem apenas dessa maneira, por questões de segurança. Disse,
ainda, que o então secretário de Segurança José Mariano Beltrame afirmara que o
deslocamento aéreo era mais econômico do que o terrestre, que deveria ser
sempre acompanhado de escolta.
Ele negou e
classificou de “folclore” o uso de vários helicópteros ao mesmo tempo partindo
para Mangaratiba, relatado por diversos pilotos no processo e chamado por eles
de “revoada”.
Em sua defesa,
Sergio Cabral disse, ainda, que o uso indiscriminado do helicóptero oficial era
uma prática em todos os governos que antecederam. Ele informou que, em sua
gestão, baixou o Decreto nº 44.310/2013, regulamentando o uso de helicópteros e
determinando que as aeronaves do Estado só poderiam ser usadas em missões
oficiais.
Os voos
irregulares citados na denúncia aconteceram durante os dois mandados de Cabral
como governador do Rio de Janeiro, entre janeiro de 2007 e abril de 2014,
quando ele renunciou ao cargo.
Ex-primeira-dama
defende uso de helicópteros
Em seu
depoimento, a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo defendeu o uso de helicópteros
para os seus deslocamentos até Mangaratiba, argumentando que considerava a
medida “razoável”, em razão de sua segurança e dos seus filhos. Ela afirmou que
seguia as orientações e que os voos obedeceram às determinações do gabinete
militar.
Ela também
justificou a ida à Mangaratiba em, praticamente, todos dos finais de semana, em
razão da necessidade de oferecer liberdade e privacidade aos filhos. Adriana
alegou que os filhos ficavam presos durante toda a semana, impedidos,
inclusive, de frequentar a praia ou praticar esportes por questões de
segurança.
Questionada
sobre as acusações de ter determinado que um helicóptero retornasse de
Mangaratiba para buscar um vestido que havia esquecido no Rio de Janeiro,
Adriana afirmou que a história se tratava de fake news, que nunca
havia ocorrido tal fato. Ela admitiu, contudo, que levava o cachorro de
estimação da família durante os deslocamentos que fazia de helicóptero, mas que
ele pesava pouco mais de 4 kg, “mais leve que a mochila dos filhos”, considerando
que isso não onerava os cofres públicos.
Indagada sobre
a acusação de uso de helicópteros para transporte de parentes, amigos e
políticos, Adriana alegou que Sergio Cabral tem cinco filhos e que ela poderia
responder apenas pelos dois filhos dela, negando ter transportado qualquer
convidado nos voos que realizou.
Ao final da
audiência, o juiz Andre Felipe Veras de Oliveira estabeleceu prazo sucessivo de
cinco dias para o Ministério Público e as defesas de Sergio Cabral e Adriana
Ancelmo se manifestarem em diligências.
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