O aposentado Sebastião Pascoal, da Tijuca:
'Não
vou arriscar' - Gilvan de Souza
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Estabelecimentos
confirmam aumento entre 40% e 80% na venda do produto
Rio -
Preocupados com a coloração e o odor na água fornecida pela Cedae nos últimos
dias, muitos cariocas já começaram a corrida para estocar o líquido. Ontem, O
DIA esteve em alguns estabelecimentos na região da Tijuca e na Cidade Nova, e
segundo os comerciantes, a procura por água mineral engarrafada teve um aumento
que varia entre 40% e 80%. Nas ruas, a sensação de desconfiança é grande. O que
gera ainda mais descontentamento por parte de quem paga duas vezes para ter
água limpa em casa.
É o caso de
Sebastião Pascoal, de 76 anos. O aposentado, que mora na Tijuca, reclama
da qualidade da água que tem chegado pelas torneiras. "Não acredito nessas
justificativas da companhia. Acredito, sim, nos especialistas, que estudaram e
sabem muito bem do que estão falando. Não vou arriscar a saúde da minha esposa
ou a minha com essa água suja. Acho um verdadeiro absurdo ter que pagar
novamente por algo que a gente já paga", desabafa Pascoal, que desembolsou
R$ 32 por dez garrafas de 1,5 litros.
Enquanto alguns
seguem indignados com a situação outros comemoram. Na Mercearia Viena, também
na Tijuca, a atendente Vanda Fernandes quase não tem tempo de conversar.
"Meu filho, tem que ser rapidinho (a entrevista). O telefone não para. Os
pedidos aumentaram 40% entre ontem e hoje. A maior saída são as garrafas
descartáveis de 1,5 litros", diz. Ainda segundo Vanda, os galões de 20
litros não são a primeira opção dos clientes, pois muitos não têm o refil.
"Como a pessoa paga pelo vasilhame, a preferência acaba sendo as garrafas
comuns. Até porque vão direto p geladeira", finaliza.
Outro que
comemora o aumento na demanda é Genilson da Costa, de 27 anos. É que de acordo
com o entregador, as gorjetas também aumentaram. "Eu venho, carrego a
bicicleta e já vou para a rua. Hoje não paramos", conta. Próximo dali, na
Distribuidora do Xanvan, o aumento segundo o proprietário é de 80%. "Hoje
os meninos nem almoçaram. Esse movimento foi um fenômeno", disse Xanvan.
Na Cidade Nova,
o depósito ACR Águas também percebeu um aumento no movimento dos últimos dois
dias. A loja, gerenciada por uma família, precisou de ajuda. "Minha mãe e
meu pai estão na entrega. Como estou de férias, vim dar um reforço na
equipe", disse a jovem Raniely Aparecida.
Cuidado com
a água
A Companhia
Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) informou, ontem, que vai adotar
permanentemente a aplicação de carvão pulverizado no início do tratamento de
água, e os procedimentos devem começar nos próximos dias. Desta forma, a
geosmina será retida caso a substância volte a aparecer, aponta o órgão. Na
terça-feira, a Companhia divulgou análise da água e garantiu que estava própria
para o consumo mas, ontem, acrescentou que vai continuar o monitoramento de
todo o sistema de abastecimento até o final da semana. Ontem, uma segunda
análise feita pela Vigilância Sanitária atestou, novamente, a potabilidade da
água coletada.
A Cedae ainda
precisa atender às demandas da Agenersa, agência reguladora responsável pela
água no Estado do Rio, apresentadas na quarta-feira, dentre elas apresentar
informações sobre inspeções em áreas afetadas e apresentar o resultado das
análises microbióticas. A Comissão deve apresentar as informações em até 4 dias
e, caso não haja o devido cumprimento das demandas, deverá pagar multa de até
R$ 5 milhões.
Por RENAN SCHUINDT
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