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Tabata
Amaral e Ciro Gomes
© DIDA
SAMPAIO E NILTON FUKUDA/ESTADÃO
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BRASÍLIA -
O ex-ministro Ciro Gomes disse nesta quinta-feira, 11, que a
deputada Tabata Amaral (PDT-SP) deveria deixar o partido
ao lado de outros colegas dissidentes. Embora a cúpula do PDT tenha fechado questão contra a reforma
da Previdência, oito parlamentares do partido, incluindo Tabata, votaram a favor das mudanças na aposentadoria.
“Passada a ressaca política, precisamos olhar
essa questão com severidade e equilíbrio. Eles deveriam tomar a iniciativa de
sair. Estou, como dizia o velho Djavan, com aquele sofrimento de 'desgosto de
filha'”, afirmou Ciro ao Estado. “Essa geleia geral faz com que as
pessoas não acreditem mais na política, e, sendo assim, não acreditam na
democracia.”
Candidato
derrotado do PDT na disputa presidencial de 2018, Ciro chegou a defender a
expulsão dos dissidentes em post no Twitter. Nesta quinta, porém, afirmou que,
primeiro, o PDT precisa “chamar os deputados para conversar”.
No jargão
político, quando um partido fecha questão significa que está obrigando sua
bancada a se posicionar conforme a determinação estabelecida. Caso isso não
ocorra, o parlamentar “rebelde” pode ser expulso.
Ciro disse que,
agora, a oposição precisa olhar com “humildade” o resultado “acachapante” da
votação - 379 votos a favor da reforma, 71 a mais do que o
mínimo necessário - e adotar uma política de “redução de danos” para sobreviver
no Congresso. O ex-ministro da Integração Nacional já percorre o País em
pré-campanha para a eleição de 2022 e adotou como estratégia a crítica ao PT do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde abril do ano
passado.
“A oposição
teve uma lição muito amarga, de saber o tamanho que tem, para não transformar
cada embate em um terceiro turno”, afirmou Ciro. Na sua avaliação, porém, o
sinal verde dado a mudanças no sistema de aposentadoria - com o apoio de dissidentes do PDT, seu partido, e também do PSB -
mostra uma vitória do presidente da Câmara, Rodrigo
Maia (DEM-RJ), e não do governo.
“Nosso papel é
atrair (Jair) Bolsonaro para o jogo democrático e, no
Congresso, ter uma política de redução de danos, em uma tática de diálogo com
Maia”, argumentou Ciro.
Vice-presidente
do PDT, o ex-ministro do governo Lula rompeu com o PT no ano passado, por se
sentir traído, e não declarou apoio ao então candidato petista Fernando
Haddad na disputa contra Bolsonaro. “Nunca mais andarei com o PT
enquanto quem controlar o partido for essa burocracia corrupta”, disse. A
cúpula petista não comentou a declaração.
Sobraram também
estocadas para o governador de São Paulo, João Doria,
provável candidato do PSDB à sucessão de Bolsonaro. “Doria sairá com a cara do
Adhemar de Barros”, provocou ele, em uma referência ao ex-governador de São
Paulo, associado ao mote “rouba, mas faz”. “E olhe que o PRP (partido
de Adhemar) só tinha em São Paulo.”
Apesar de
definir o governo Bolsonaro como “uma aberração”, Ciro disse que não foi o
presidente quem criou o “desastre econômico” para o Brasil. “Foi o PT”, acusou
o ex-ministro, que tem viajado para capitais fazendo palestras e participando
de seminários populares.
Com um
microfone em punho e um Power Point na tela, Ciro costuma apresentar aos
interlocutores o “Observatório Trabalhista”, plataforma que contém indicadores
trimestrais sobre economia, saúde, segurança e educação, entre outros temas.
“Nós antecipamos, por exemplo, que o primeiro trimestre seria de recessão e
divulgamos a inadimplência das empresas. Na Previdência, nós criticamos a
proposta, mas 379 deputados tiveram a coragem de despudoradamente votar a
favor. E o que aconteceu? Nada. Precisamos ter mais humildade para observar o
sentimento popular”, afirmou.
Vera Rosa

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