Os dois
principais institutos de pesquisa do Brasil, o Ibope e o Datafolha, mudaram os
planos de divulgação dos resultados de seus levantamentos sobre a corrida
presidencial que estavam previstos para ocorrer nesta semana. O Ibope havia
feito suas entrevistas entre os dias 1º e 3 de setembro e havia confirmado que
noticiaria os resultados nesta terça, mas acabou decidindo pela suspensão da
divulgação conforme publicou, primeiramente, a revista digital Crusoé. O TSE (Tribunal
Superior Eleitoral) confirmou oficialmente que o Ibope fez um questionamento
sobre essa pesquisa, mas até a conclusão dessa reportagem não havia uma
resposta sobre o assunto. O motivo do cancelamento seria a presença entre os
presidenciáveis de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que teve o registro de
candidatura indeferido pelo TSE na madrugada do sábado passado e foi proibido
de aparecer como candidato. Os ministros consideraram que o petista é ficha
suja porque foi condenado em segunda instância pelos crimes de corrupção
passiva e lavagem de dinheiro.
O levantamento
do Ibope foi contratado pelo jornal O Estado de S. Paulo e
pela TV Globo e a previsão era de que seus dados viessem a público na noite
desta terça, inclusive na TV. A notícia do adiamento provocou protestos de
petistas. Em seu perfil no Facebook, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), disse
em tom de ironia que a suspensão do Ibope foi curiosa. “Não tenho dúvidas: Lula
apareceria mais uma vez liderando com folga, pra desespero da direita. A
pressão que rolou nos bastidores para anular a divulgação teve dedos poderosos
das elites sem voto”.
Já o Datafolha
anunciou no site do jornal Folha de S. Paulo, ao qual o instituto é
vinculado, que cancelou o registro de sua pesquisa por causa de Lula. Segundo o
órgão, a solicitação para realizar o levantamento havia sido feito no dia 31,
antes, portanto, do TSE declarar Lula inelegível. Conforme a lei eleitoral, os
registros das pesquisas precisam ser feitos em até cinco dias antes da data de
divulgação de seus resultados.
Como até a
semana passada havia dúvidas se Lula poderia ou não ser candidato (apesar de o
PT tê-lo lançado) os institutos de pesquisas costumavam fazer levantamentos com
pelo menos dois cenários. Em um no qual Lula era o presidenciável do PT e no
outro em que o concorrente era o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. No
primeiro cenário Lula aparecia na liderança, com 37% no Ibope e 39% no
Datafolha, seguido de Jair Bolsonaro (PSL – 18% e 19%) e Marina Silva (REDE –
6% e 8%). No outro cenário, Haddad aparece apenas como o quinto colocado (com
4% em ambos institutos) e o líder é Bolsonaro, com 20 % no Ibope e 22% no
Datafolha. As pesquisas mais recentes foram publicadas nos dias 20 e 22 de
agosto, respectivamente.
Afonso
Benites
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