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Images Crianças esperam por comida em uma fila de
distribuição de sopa nas ruas de Caracas, na
Venezuela – 05/11/2017
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Dados
divulgados nesta segunda-feira (10) por agências da ONU apontam que a crise
na Venezuela deixou
3,7 milhões de pessoas passando fome.
Em 2011, eram 900.000 famintos – número quatro vezes menor.
Segundo a FAO,
agência das Nações Unidas especializada em alimentação e agricultura, a
proporção da população desnutrida na Venezuela caiu de 10,5%, em 2005, para
3,6%, em 2011. Mas, desde então, a alta foi constante. Hoje, o número é de
11,7%.
Os números
também indicam que a fome cresceu no ano passado em toda a América Latina e
Caribe, afetando cerca de 39 milhões de pessoas. A crise é motivada pela
desaceleração econômica na América do Sul, marcada especialmente pelo caso da
Venezuela, explicou a ONU.
Apesar dos
dados, o chanceler venezuelano Jorge Arreaza denunciou nesta segunda-feira (10)
na ONU a ameaça de uma intervenção em seu país e alertou que a crise econômica
está sendo “manipulada” e “promovida” para justificar um “golpe militar”.
Nicolás Maduro tem se empenhado,
nas últimas semanas, em uma campanha para desmentir que a Venezuela vive uma
crise humanitária. O governo tem organizado encontros com países aliados para
impedir a aprovação de resoluções contra a Venezuela, usando o argumento de que
a situação está sendo manipulada.
No fim de
semana, o jornal americano The New York Times revelou que
funcionários do governo de Donald Trump teriam se reunido em segredo com
militares venezuelanos rebeldes para analisar um golpe contra Maduro. Em seu
discurso, Arreaza disse que o tema de direitos humanos está sendo usado para
justificar uma “intervenção multilateral”.
Nesta segunda,
ele se reuniu com a nova chefe de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet,
depois de quatro anos de um clima de tensão entre a entidade e o governo
Maduro. “Denunciamos essas medidas e pedimos, em nome do povo, o fim da
agressão política, econômica, ameaça militar e agressão midiática”, disse o
chanceler.
Arreaza garante
que a Venezuela não vive uma crise humanitária. “Existe uma crise econômica que
é resultado das sanções de Estados Unidos e Europa”, afirmou. Em sua avaliação,
a pressão pretende “forçar uma mudança de regime”.
“Há um golpe militar
sendo preparado para perturbar nossa democracia”, denunciou. “Talvez, tenhamos
muito petróleo e isso nos coloca como objetivo dos grandes interesses
capitalistas.”
Para a ONU,
porém, a crise está levando a uma aceleração do êxodo de venezuelanos. O alerta
foi lançado por Bachelet. “Cerca de 2,3 milhões de pessoas deixaram o país até
o dia 1.º de julho, o que representa 7% do total da população”, disse a
ex-presidente do Chile. “Esse movimento está se acelerando.”
“Na primeira
semana de agosto, mais de 4.000 venezuelanos por dia entraram no Equador, 50
mil chegaram à Colômbia em três semanas de julho e 800 por dia estão entrando
no Brasil”, disse Bachelet.
De acordo com
ela, desde que a ONU publicou seu último informe, a entidade continuou a
receber informação sobre violações de direitos, incluindo prisões arbitrárias e
restrição de liberdade de expressão. “O governo não mostrou abertura para
medidas genuínas de responsabilidade”, criticou Bachelet.
Desnutrição
Após uma década
de avanços no combate à fome, a desnutrição voltou a aumentar no mundo,
principalmente na América do Sul e na África.
Dados da ONU
divulgados nesta segunda-feira revelam que, em 2017, 821 milhões de pessoas
eram consideradas desnutridas. No Brasil, o combate à desnutrição está
estagnado desde 2010.
Em um ano, o
número saltou de 804 milhões para 821 milhões de pessoas desnutridas em todo o
mundo, subindo de 10,6% da população mundial para 10,9%. Isso representa uma em
cada nove pessoas.
Apesar da alta,
a taxa de 2017 é ainda inferior ao que se registrava no planeta em 2005, quando
14,5% da população estava desnutrida.
Na América do
Sul, a desnutrição (ou falta crônica de nutrientes) subiu de 4,7% da população
em 2014 para 5% em 2017 ou, em termos absolutos, de 19,3 milhões de habitantes
para 21,4 milhões.
(Com Estadão
Conteúdo e EFE)
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