© Adriano
Machado / Reuters Tucano acredita que o candidato
apoiado por Lula desidratará Ciro, e que parte
dos votos de
Bolsonaro irá para ele
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Três dias antes
de o centrão chancelar o apoio a seu nome na disputa pelo Palácio do Planalto,
Geraldo Alckmin (PSDB) fez o cálculo político mais importante de sua
pré-campanha: como de costume, resolveu esperar.
Desistiu de um
encontro que estava marcado para a segunda-feira (16) com Álvaro Dias
(Podemos), que também concorre à sucessão de Michel Temer. Na conversa
reservada, ofereceria ao ex-colega de partido a vaga de vice na sua chapa à
Presidência.Avaliou, porém, que o movimento -inicialmente programado para
evitar um possível isolamento partidário- poderia romper de vez suas pontes com
o chamado centrão.
Naquele
momento, o grupo formado por DEM, PP, PRB, PR e Solidariedade ainda estava
dividido entre avalizar Alckmin ou apoiar Ciro Gomes (PDT), em uma jogada que
levaria o bloco a um campo pouco vivenciado por ele: a esquerda.
A habitual
paciência do ex-governador de São Paulo, atrelada a conversas individuais que
teve com dirigentes do grupo no início da semana, surtiram efeito. Na tarde de
quinta-feira (19), o centrão decidiu fechar acordo com o tucano.
O acerto deu
sobrevida à candidatura de Alckmin e força à sua principal tese: o candidato
apoiado pelo ex-presidente Lula desidratará Ciro Gomes e a disputa deste ano
será, mais uma vez, polarizada entre PT e PSDB.
Em sua segunda
tentativa de chegar ao Planalto, Alckmin considera que precisa recuperar o
espaço que perdeu para Jair Bolsonaro (PSL), principalmente no eleitorado jovem
e rico, se quiser voltar à tradicional formatação das eleições presidenciais
desde 1994 -e a aliança com o maior bloco de partidos entre os concorrentes
pode ajudá-lo.
Com estrutura
nos estados, prefeitos e parlamentares engajados na campanha, além dos cerca de
4 minutos e meio que terá na propaganda eleitoral na TV, Alckmin acredita que
vai conseguir sair dos 7% que tem há meses nas pesquisas.
Na ponta dos
levantamentos, pretende encontrar, no meio de setembro, o adversário petista
lançado e apoiado por Lula, que, preso há três meses em Curitiba, lidera as
pesquisas com 30%.
Os cotados como
plano B do PT, Fernando Haddad e Jaques Wagner, têm apenas 1% quando Lula não
aparece na disputa, mas o potencial de transferência de votos do ex-presidente
é significativo.
Segundo o
Datafolha, 30% das pessoas dizem votar em um candidato apoiado por ele,
enquanto 17% afirmam que talvez votariam.
A aliados
Alckmin admite que a estratégia do PT de levar a candidatura de Lula até o
limite, a despeito do veto imposto pela Lei da Ficha Limpa, é "a melhor
possível", porque preserva de ataques dos adversários o nome que será
escalado para substituir o ex-presidente nas urnas.
Além disso, o
tucano acredita que, quanto mais perto do primeiro turno, mais eficaz será o
potencial de transferência de votos do petista.
A aposta de
Alckmin é pragmática: em um eventual segundo turno contra o PT, ele receberia
parte dos votos de Bolsonaro -que hoje lidera a corrida ao Planalto na ausência
de Lula-, principalmente pelo discurso antipetista.
O tucano
acredita que, em uma eleição tão fragmentada como esta, será muito difícil um
nome alinhado à esquerda ficar fora do segundo turno. Para duelar com esse
personagem, no entanto, precisa de impulso para chegar ao primeiro pelotão das
pesquisas.
A receita,
dizem seus auxiliares, além do amplo tempo de TV, será atacar frontalmente
Bolsonaro, apontando contradições e mostrando o que dizem ser "nítido
despreparo" do capitão reformado.
Alckmin pediu
que sua equipe fizesse uma espécie de inventário de fracassos da ditadura
militar, exaltada por Bolsonaro como um período em que o país crescia com ordem
social. O tucano quer um levantamento sobre o número de estatais daquela época,
além dos índices de inflação, que dispararam na década de 1980, no fim da ditadura.
Com o material
em mãos, pretende atacar sistematicamente o presidenciável do PSL e mostrar
inconsistências em seu discurso, reforçando que ele não está preparado para
governar o país.
Até agora,
aliados e parte do mercado -antes simpática ao PSDB- estavam céticos quanto à
viabilidade do ex-governador de São Paulo.Além do centrão, o tucano deve ter o
apoio de PSD, PTB, PPS e PV e, assim, somar os valiosos 4 minutos e meio na TV.
O PT, por ora sozinho, tem perto de 1 minuto e 35 segundos. Com informações da
Folhapress.
Folhapress
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