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© Reuters /
Adriano Machado Grupo manifestou preocupação
com os rumos
da economia desde que o presidenciável deixou a Fazenda
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A resistência à
candidatura de Henrique Meirelles (MDB) ao Planalto ultrapassou as fileiras de
seu partido e chegou ao terreno em que o ex-ministro da Fazenda costumava
circular com mais destreza: o mercado.
Empresários e
investidores - antes entusiastas de uma eleição com o nome de Meirelles nas
urnas - agora pressionam para que ele desista de concorrer à Presidência.
Nas últimas
semanas, três dos principais banqueiros do país, Luiz Carlos Trabuco Cappi
(Bradesco), Roberto Setúbal (Itaú) e André Esteves (BTG), conversaram com
aliados do ex-ministro e manifestaram preocupação com os rumos da economia
desde que ele deixou a Fazenda, em abril.
Desde então,
enumeram, o dólar disparou, a previsão do PIB caiu (de 2,5% para 2%) e houve
redução significativa dos investimentos privados.
O cálculo de
quem detém boa parte do dinheiro no Brasil é pragmático: Meirelles está
estacionado nas pesquisas, com 1% das intenções de voto segundo o Datafolha, e
ainda não conseguiu se mostrar eleitoralmente viável, nem mesmo dentro de seu
partido.
Investidores e
empresários se dividem quanto ao que desejam para o ex-ministro, caso ele
desista de disputar as eleições: uns defendem que seja vice na chapa de um
candidato mais bem colocado, como Geraldo Alckmin (PSDB), outros o querem
disponível para assumir a Fazenda no próximo governo. Há ainda quem peça para
que ele volte ao comando da equipe econômica.
Parte do grupo
tem subvertido um dos slogans de pré-campanha do emedebista para estimular a
última opção: "chame o Meirelles". O ex-ministro rebate dizendo que é
preciso, sim, "chamar o Meirelles", mas como presidente.
Segundo
relatos, ele rechaça as três teses ao dizer que uma aliança com Alckmin é
"inviável", ser ministro de um novo governo não está em seus planos,
muito menos voltar a seu antigo cargo. Meirelles tem repetido que é hora de
"dar chão" aos investidores e isso, afirma, significa
"futuro".
A falta de
previsibilidade eleitoral, porém, fez com que o mercado começasse a temer um
segundo turno entre Jair Bolsonaro (PSL) e Ciro Gomes (PDT), cenário que o
empresariado considera radicalizado e imponderável para índices como dólar e
PIB.
Para eles,
Meirelles não demonstrou capacidade de quebrar essa polarização. A participação
do ex-ministro no programa "Roda Viva", na semana passada, foi
considerada a pá de cal, nas palavras de um investidor, para a candidatura,
visto que ele não conseguiu encaixar um discurso convincente sobre a
recuperação da economia com a recente piora dos dados.
Desde então, parte do mercado
voltou sua atenção aos movimentos de Alckmin para tentar desconstruir a imagem
de Bolsonaro.
Apesar do desempenho aquém das
expectativas -com 7% a 10% no Datafolha-, o tucano iniciou nos últimos dias um
processo de polarização com o ex-capitão do Exército, que lidera as pesquisas
na ausência do ex-presidente Lula, somado a ataques mais diretos a Michel
Temer.
Alckmin quer se colocar à frente
de Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes, respectivamente em segundo e terceiro
lugares, e se cacifar como o candidato que pode ganhar o apoio do empresariado
e de uma aliança de partidos mais ampla.
Além de tentar furar a
resistência do mercado, Meirelles precisa convencer setores do MDB de que é a
melhor opção para a sucessão de Temer.
Assessores do presidente dizem
que o clima melhorou para o ex-ministro dentro do partido e que, diante da
falta de unidade no campo governista, a tendência é manter sua candidatura, mas
ponderam que ele precisa "vestir logo o figurino de candidato".
Eles também rechaçam a
possibilidade de o ex-ministro ser vice na chapa de Alckmin, mas dizem que, até
a convenção do MDB, no final de julho, Meirelles tem que se apresentar como um
nome propositivo e que pode surpreender, posicionando-se de maneira assertiva
como o candidato que defende o governo.
O ex-ministro da Fazenda tem
viajado o país para visitar diretórios estaduais da legenda e tentar vencer
resistências internas, ao mesmo tempo em que trabalha para ajustar um discurso
mais alinhado ao Planalto. Com informações da Folhapress.
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