Nicolás Maduro: de líder da revolução bolivariana a presidente acusado de provocar o caos venezuelano | Rio das Ostras Jornal

Nicolás Maduro: de líder da revolução bolivariana a presidente acusado de provocar o caos venezuelano


O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, realiza evento
 de campanha acompanhado de sua mulher, Cilia Flores, e
 do ícone argentino do futebol Diego Maradona em Caracas
 (Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
Presidente foi reeleito neste domingo a mais 6 anos no poder, em eleição marcada por denúncias de fraude, boicote da oposição e alta abstenção.
Nicolás Maduro chegou ao poder na Venezuela em março de 2013, como presidente interino, após a morte de seu padrinho político Hugo Chávez. Em abril daquele ano, foi eleito presidente, por uma pequena diferença contra o opositor Henrique Capriles, para liderar a "revolução bolivariana" no país. Hoje, o presidente é visto por opositores como o protagonista do colapso venezuelano, mas diz ser vítima do imperialismo dos Estados Unidos e de guerra econômica da direita.
Maduro foi reeleito para mais 6 anos de mandato após as eleições deste domingo (20), que tiveram horário ampliado, denúncias de fraude, tentativa de boicote da oposição, abstenção de 54% e falta de reconhecimento por grande parte da comunidade internacional.
Nicolás Maduro é reeleito presidente da Venezuela com quase 68% dos votos
Maduro era considerava um verdadeiro "revolucionário” por seu mentor Hugo Chávez, a quem conheceu em 1993. Mas adversários e ex-companheiros o acusavam de enriquecer empresários amigos e a cúpula militar.
"Foi subestimado pelos opositores e por muitos chavistas. Mas soube aproveitar os erros de uns e de outros, conseguindo anular seus adversários dentro e fora do chavismo", comenta à AFP Andrés Cañizalez, pesquisador em comunicação política.
"Maduro passou por uma metamorfose e estas eleições culminam esse processo: poderíamos estar passando do chavismo ao 'madurismo'. Sem dúvida, está apontando a consolidar um espaço de poder autônomo", acrescenta Cañizalez.
Trajetória
Ex-motorista de ônibus, Maduro teve atuação no movimento sindical da categoria. Teve formação comunista em Cuba nos anos 1980 e viaja com frequência à ilha.
Entre 1999 e 2000 foi membro da Assembleia Constituinte convocada por Chavez e entre 2000 e 2006 foi deputado da Assembleia Nacional.
Foi chanceler do governo Chávez entre 2006 e 2012, e foi nomeado vice-presidente após a reeleição de Chávez em outubro de 2012.
Como ministro de Relações Exteriores, ele foi fiel às ideias diplomáticas do chavismo. Era considerado, por diplomatas estrangeiros, uma pessoa afável e de trato fácil.
Maduro se aproximou de Chávez quando o presidente anunciou, em junho de 2001, o câncer que o acabaria matando.
É casado com a ex-procuradora Cilia Flores, a quem chama de "primeira combatente" e com quem dança frequentemente nos comícios. É pai de "Nicolasito", membro da Assembleia Constituinte de 27 anos, fruto de um casamento anterior.
Imagem e discurso
Sem o carisma de Chávez, Maduro tentou imitá-lo em longas aparições diárias na TV, com a fala popularesca e a retórica anti-imperialista. Mas vem construindo sua própria imagem.
Autodenomina-se "presidente operário", dirige sua caminhonete, ri de seu inglês ruim e de quem o chama de "Ma'burro" por suas mancadas frequentes, dança salsa, bolero e reggaeton, e é muito ativo nas redes sociais.
Seu discurso moderado e capacidade negociadora como sindicalista, chanceler e vice-presidente de Chávez, mudou para os acalorados discursos contra seus adversários, a quem critica e insulta sem pudores.
Tentando renovar sua imagem, o mote "Vamos Nico" se impôs em sua campanha, enquanto diminuíram as referências ao seu mentor.
Em 2013, o jingle da campanha dizia: "Chávez para sempre, Maduro presidente. Chávez, eu te juro, meu voto é de Maduro". Hoje, o refrão de um reggaeton chiclete, diz: "Todos com Maduro, lealdade e futuro. O povo manda com Maduro".
Segundo as pesquisas, tem impopularidade de 75%.
Caos socioeconômico
Durante o governo Maduro, a Venezuela sofreu ondas de protestos violentos que deixaram cerca de 200 mortos, uma derrocada socioeconômica e o isolamento internacional (veja mais abaixo).
Seus adversários o acusam de empurrar o país para o abismo com medidas econômicas disparatadas, de submeter o povo à fome e de ser um "ditador", sustentado por militares.
A tudo isso faz ouvidos moucos. Diz ser um "presidente democrático" e "vítima" dos Estados Unidos e a "guerra econômica da direita", à qual culpa pela hiperinflação e falta de comida. Mas reconhece estar “mais forte do que nunca”.
"Há cinco anos, eu era um novato. Hoje, sou um Maduro de pé, experiente com a batalha, que enfrentou a oligarquia e o imperialismo. Aqui estou: mais forte do que nunca", descreveu-se durante a campanha para a reeleição.
"Sua autoridade nasce herdada de Chávez (presidente de 1999 até sua morte, em março de 2013). Mas agora temos um Maduro diferente, que sabe que é forte e é mais agressivo", disse à agência AFP Félix Seijas, diretor do instituto de pesquisas Delphos.
Veja os principais momentos do governo Maduro:
Cronologia feita pela agência de notícias France Presse.
2013: O herdeiro
O líder socialista Hugo Chávez, presidente desde 1999 e fundador da "revolução bolivariana", morre de câncer em 5 de março de 2013.
Maduro, ungido por Chávez como seu substituto, vence as eleições presidenciais de 14 de abril com 50,62% de votos, contra o opositor Henrique Capriles.
2014: O primeiro desafio
Em 2014, liderada por Leopoldo López, a oposição realizou manifestações para reivindicar a saída de Maduro, com saldo de 43 mortos.
Lopez é preso em fevereiro daquele ano e condenado em 2015 a quase 14 anos de prisão, acusado de incitar a violência nos protestos. Em agosto de 2017, ele foi colocado em prisão domiciliar.
Os preços do petróleo, que geram 96% da renda do país, caíram para menos da metade, agravando uma grave escassez de alimentos e remédios.
2015: A maior derrota
Em fevereiro de 2015, o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, acusado de conspirar contra o governo, é preso. Pouco tempo depois ele vai para a prisão domiciliar e em 2017 foge para a Espanha.
Em março, Washington impõe as primeiras sanções contra autoridades venezuelanas acusadas de violar os direitos humanos.
Em dezembro, em meio ao agravamento da crise, a coalizão de oposição Mesa da Unidade Democrática (MUD) derrota o chavismo, conquistando a maioria qualificada do Parlamento.
2016: Choque de poderes
Tão logo a oposição toma posse em janeiro, o Legislativo é declarado em desacato e suas decisões nulas pelo Supremo Tribunal de Justiça (TSJ).
Durante a maior parte de 2016, a oposição tentou revogar o mandato de Maduro - de seis anos - por meio de um referendo, e organizou manifestações para exigi-lo.
Mas o poder eleitoral e a justiça - acusados pela oposição de servir a Maduro - o detiveram, alegando fraude na coleta de assinaturas.
2017: Protestos e Constituinte
O TSJ atribui a si poderes do Parlamento e em 1 de abril têm início protestos que deixaram cerca de 125 mortos em quatro meses. A procuradora-geral Luisa Ortega denuncia uma ruptura da ordem constitucional e meses depois deixa o país denunciando "perseguição".
No dia 30 de julho, acontece eleição de uma Assembleia Constituinte com poder absoluto e totalmente oficialista, que substituiu o Parlamento na prática e não é reconhecida por vários governos.
Os Estados Unidos aprovam sanções econômicas contra a Venezuela e a estatal petrolífera PDVSA, mais tarde declarados em default parcial.
O chavismo vence as eleições para governadores de outubro e as municipais de dezembro. A oposição denuncia fraudes.
2018: Eleições antecipadas
Diante de uma oposição dividida, a Assembleia Constituinte decide em janeiro adiantar as eleições presidenciais e Maduro é proclamado candidato do partido no poder.
Um diálogo entre a oposição e o governo sobre as garantias eleitorais fracassa e o poder eleitoral fixa as eleições para 22 de abril, data que foi posteriormente alterada para 20 de maio.
MUD decide boicotar a votação, argumentando se tratar de uma "fraude" para perpetuar Maduro no poder e dar-lhe "aparência de legitimidade".
O opositor Henri Falcón, dissidente do chavismo, deixa a coalizão de oposição e lança sua candidatura.
Os Estados Unidos, vários países da América Latina e da União Europeia, advertem que não vão reconhecer as eleições porque não serão livres nem justas.
Por G1

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