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par RFI
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O presidente da
Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta quarta-feira
(17) em Washington que os programas sociais implementados por Luiz
Inácio Lula da Silva, em vez de terem ajudado, acabaram por agravar a vida das
populações mais pobres.
Ligia
Hougland, correspondente da RFI em Washington
Maia foi
particularmente duro ao falar que o Bolsa Família “escraviza as pessoas".
O parlamentar disse que não considera o Bolsa Família um programa de esquerda,
mas liberal, e que o grande problema foi o modo como ele foi implementado pelo
PT.
"É muito
engraçado que o Brasil cresceu tanto no governo do PT e o número de pessoas
dependentes do Bolsa Família aumentou. Há alguma coisa errada. Se o Brasil está
ficando mais rico, por que tem mais pessoas pobres dependentes do Bolsa
Família? Esta era uma distorção grande, porque corporações públicas e privadas
se apropriavam da riqueza do Brasil”, disse Maia à imprensa brasileira, depois
de fazer uma palestra no Instituto Brasil do Woodrow Wilson Center sobre as
escolhas cruciais que os brasileiros terão de fazer neste ano de eleição
presidencial.
Segundo
o presidente da Câmara dos Deputados, a solução é garantir que os
programas sociais como o Bolsa Família tenham uma “porta de saída” e gerem
alguma obrigação real, para que seus beneficiários sejam estimulados a seguir
em frente, sem a ajuda estatal.
O programa
Minha Casa Minha Vida também foi citado por Maia como um exemplo de
projeto social “mal feito”, pois o governo “transforma o sonho do cidadão [da
casa própria] em problemas do cotidiano”. “O governo transfere parte da
sociedade para um conjunto – pessoas que viviam na informalidade completa – e
não se preocupa como essas pessoas vão viver na formalidade”, disse o
parlamentar.
Previdência
O presidente da
Câmara dos Deputados disse à plateia presente no Wilson Center que a reforma
previdenciária é “fundamental”, apesar de muitos tentarem dissuadir o debate
alegando que mexer na previdência pode prejudicar o país.
“O que pode
prejudicar a gente é o Brasil explodir e voltar para um ambiente de
hiperinflação e desemprego acelerado”, disse Maia.
O deputado
disse que, às vezes, é mal interpretado pela imprensa que o descreve como
“pessimista”, mas “realmente não é fácil hoje votar uma reforma da previdência
no Brasil”. Maia diz que a gravidade da situação exige que os próximos 30
dias sejam dedicados a convencer os parlamentares a votar pela reforma, mas que
também é preciso convencer o cidadãos a pararem de “pressionar” os
parlamentares para que se oponham a uma reforma que, segundo o presidente da
Câmara, não atinge 90% da população.
Candidatura
Sem dúvida, o
tom de Maia na visita à capital americana foi de quem está com vistas na
eleição presidencial deste ano, apesar de ainda não ter abertamente se
declarado candidato. O deputado acredita que o fato de essa ser a primeira
eleição geral de 45 dias, e não de 90 dias, pode atrasar ainda mais a
consolidação de nomes no processo eleitoral.
Sobre as
chances de sucesso de um candidato ligado a Michel Temer, Maia diz que, “apesar
de o presidente brasileiro ter um alto índice de rejeição, seu governo teve
muitos avanços”. Além disso, o deputado acredita que o candidato que defender a
agenda de reformas do governo Temer será competitivo. Maia, que é grande
promotor dessas reformas, nega ser hoje tal candidato.
“Hoje não
[posso ser candidato], pois tenho 1% nas pesquisas. Quando tiver 7%, as coisas
melhoram muito”, disse Maia. O parlamentar disse que, pessoalmente,
gostaria de ver o nome de Lula nas cédulas da eleição presidencial em outubro,
mas que cabe à Justiça decidir sobre isso.
“Eu quero que
Lula dispute a eleição. Acho que para o Brasil é bom. Acho que ele vai perder,
acho que ele vai conseguir destruir esse discurso dele de que foi um grande
presidente na área social – o que não foi”, disse Maia.
O presidente da
Câmara está nos Estados Unidos desde domingo passado e, no início desta semana,
se reuniu com embaixadores da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova
York. O circuito de Maia em Washington também inclui uma reunião, nesta
quarta-feira, com Paul Ryan, o líder da maioria republicana no Congresso
americano.
Há algumas
semelhanças entre as propostas de Maia e Donald Trump para seus respectivos
países - menos regulamentações, simplificação de procedimentos para negócios e
combate à ideologia do estado provedor -, mas ainda é cedo para especular sobre
a possibilidade de uma futura parceria entre dois políticos. “Não tenho ideia
de como seria o relacionamento dos dois”, diz o embaixador Anthony S.
Harrington, presidente do Conselho Consultivo do Instituto Brasil.
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