© REUTERS/Adriano Machado Presidente Michel Temer |
O presidente Michel Temer prepara
uma reforma ministerial a fim de desalojar da Esplanada partidos que tenham
"traído" o governo, trocando o espaço daqueles que tiveram deputados
votando a favor da autorização para que o STF julgue a denúncia contra o
peemedebista por representantes de bancadas com expressiva votação por rejeitar
a acusação criminal, apurou a Reuters com duas fontes envolvidas diretamente
nas negociações.
A intenção, segundo um dirigente
partidário que participou das conversas, é que a participação dos partidos no
governo reflita os resultados das votações na Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ) e no plenário da Câmara.
Apesar da traição de partidos da base,
o governo conseguiu uma expressiva vitória ao rejeitar o parecer do deputado
Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), que recomendava a autorização para o Supremo Tribunal
Federal julgar a denúncia, por 40 votos a 25, com uma abstenção.
A promessa de maior espaço na
Esplanada fez parte das negociações das últimas semanas entre os partidos da
base com interlocutores do presidente. A iniciativa estimulou até as direções e
lideranças partidárias a fecharem questão, nos últimos dias, em favor da
rejeição da denúncia.
Ao todo, quatro partidos --PMDB,
PP, PSD e PR-- adotaram essa posição que, na prática, permite às legendas
aplicarem sanções aos deputados que contrariarem a orientação da legenda.
PP, com seis votos, PR e PSD, com
cinco cada um, trocaram integrantes da CCJ e votaram de forma unânime em favor
de Temer. No PMDB, partido de Temer, dos nove votos, sete foram a favor de
Temer. Somente o relator vencido, Zveiter, votou contra. O presidente da
comissão, Rodrigo Pacheco (MG), absteve-se de votar.
Os principais alvos das mudanças,
segundo uma das fontes, deve ser o PSDB e o PSB. Os tucanos têm quatro
ministérios, dentre eles o Ministério das Cidades --alvo de forte cobiça de
parlamentares por ter um grande orçamento em obras-- e a Secretaria de Governo,
pasta palaciana responsável por fazer a articulação com os parlamentares. O
partido liberou a bancada para votar como quisesse. Dos sete votos na comissão,
os deputados do PSDB deram apenas dois a favor de Temer.
Cidades é hoje ocupada pelo
deputado Bruno Araújo, que chegou a pedir demissão quando surgiram as denúncias
contra Temer na delação dos executivos da JBS. A Secretaria de Governo tem como
titular Antonio Imbassahy, sempre criticado pelo partido do presidente
justamente por não ser um peemedebista.
A interlocutores, Imabassahy
confessou já se sentir desconfortável por estar em um cargo que deveria ser de
extrema confiança do presidente mas seu partido estar ameaçando deixar a base
há várias semanas.
Os socialistas, por sua vez,
votaram rachados. Dos quatro deputados da CCJ, dois votaram a favor e dois
contra. A legenda ocupa atualmente o Ministério de Minas e Energia, uma das
principais pastas da Esplanada.
"Não tem cabimento esses
partidos ficarem com o espaço que tem hoje no governo", afirmou o
dirigente partidário à Reuters. "É uma consequência óbvia, natural",
completou.
O PSB já havia, na prática,
anunciado que sairia da base, mas um racha no partido e a decisão do ministro
Fernando Bezerra Coelho de permanecer no cargo e apoiar o
presidente deixou a decisão em suspenso.
A reforma ministerial não será
fechada agora, mas somente após a votação da denúncia no plenário da Câmara,
marcada na noite de quinta-feira para o dia 2 de agosto, na volta do recesso
parlamentar.
O novo espaço de cada partido
também só será definido após a análise final da primeira denúncia. O governo
espera a votação em plenário para garantir a fidelidade do centrão antes de
fazer as mudanças.
A avaliação no Planalto é que a
estratégia deverá fazer com que o governo tenha uma base aliada menor porém
mais coesa no Congresso. O governo sabe que, depois da sequência de denúncias,
não conseguirá manter os cerca de 400 deputados que tinha em sua base, mas as
trocas poderão garantir resultados consistentes.
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