A primeira
vítima do triplex foi o zelador afirmou que sua demissão
foi consequência de uma entrevista em que
confirmou a presença
de Lula e
dona Marisa no Solaris.
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GUARUJÁ - O Edifício Solaris, na
Praia das Astúrias, no Guarujá, endereço do triplex que levou o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva à condenação em primeira instância, vive o seu
próprio drama ou como dizem alguns moradores e veranistas o seu próprio “carma”
e “maldição”.
O prédio, que virou uma espécie de
“ponto turístico acidental”, e passou a ser chamado de “prédio do Lula” ou
“prédio do triplex do Lula”, coleciona uma série de problemas: funcionários
demitidos; ameaça de processos trabalhistas; desvalorização dos imóveis;
reformas que demoram mais de um ano; piscina interditada; e reparos que custam
mais caro do que a média do mercado porque “o prédio é famoso”.
A primeira vítima do triplex foi o
zelador José Afonso Pinheiro, demitido em abril do ano passado. Na ocasião, ele
afirmou que sua demissão foi consequência de uma entrevista em que confirmou a
presença de Lula e dona Marisa no Solaris. “Eu perdi o emprego que era o
sustento da minha família e a nossa moradia. Portanto, não tem como eu não ficar
feliz com a condenação do Lula”, disse. Pinheiro, que foi candidato a vereador
nas últimas eleições, aguarda o resultado de um processo que abriu contra o
edifício.
Há uma semana, oito funcionários
do Solaris também foram demitidos – com o argumento de que a administração iria
terceirizar todos os funcionários para cortar custos. “O motivo pode ter sido a
terceirização, mas, desde que essa loucura do triplex começou, quem administra
esse prédio tenta inventar demissões por justa causa e ameaça não pagar nossos
direitos”, contou a ex-funcionária Shirley Nascimento.
Outro porteiro demitido, que pediu
para não ser identificado, afirmou que uma despedida, “nesse contexto”, faz “a
gente imaginar coisas”. Ainda assim, ele não pretende processar ninguém. “O Solaris
foi vítima da crise no País. Naquele prédio, a crise nos atingiu em cheio”,
afirmou. Procurado pelo Estado, o síndico do Solaris, Paulo de
Távora, garantiu que as demissões seguiram critérios puramente econômicos e a
“administração do prédio está normal”.
Pesadelo. Os moradores
do Solaris e vizinhos disseram torcer para “o pesadelo acabar” e a vida nas
Astúrias voltar ao normal. Na praia, um grupo de amigas comentou o transtorno
causado pela presença constante de curiosos e de jornalistas. Além disso, elas
colocaram uma questão prática: “Com o triplex vazio, e ele deve continuar vazio
por muito tempo, o condomínio deve subir para compensar esse imóvel sem uso.
Quem vai pagar o prejuízo? Ora, serão os moradores”, disse Leonor Consil,
vizinha do Solaris. As vizinhas disseram que “sempre souberam que o triplex era
do Lula”.
O morador Pedro Pimenta apontou
outro problema: “Agora, qualquer reparo, por menor que seja, custa os olhos da
cara. Qualquer troca de piso, qualquer probleminha elétrico. Os prestadores de
serviço cobram mais porque ‘esse é o prédio do Lula’”.
Pimenta e outros moradores
contaram que a ocupação no prédio, apesar das férias de julho, anda muito baixa
e “os apartamentos estão vazios”. Corretores procurados pelo Estado disseram que pouca gente
tem se interessado em alugar e “apenas curiosos interessados em entrar no
prédio do Lula” têm aparecido. Os mesmos corretores disseram que os
apartamentos já desvalorizaram cerca de R$ 200 mil. “Tudo isso se agravou
porque nós tivemos uma reforma que demorou mais de um ano e nossa piscina ficou
interditada nesse período”, reclamou uma moradora que preferiu não se
identificar.
Turistas. Alheios aos
problemas no prédio, turistas não cansam de se postar na frente do edifício
para registrar uma imagem do “triplex do Lula”. O segurança Waldeci Marcelino
fez o pitstop na calçada do Solaris para fazer selfies e provar para os amigos
que estava pertinho de um “escândalo político”. Já o aposentado Anésio França,
além das selfies, faz uma proposta: “Tombar o Solaris como um patrimônio
histórico nacional”. Com certeza, os moradores discordam e preferem ser
esquecidos.
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