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Diorio/Estadão Fachada da JBS Friboi em Barretos
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Em meio aos documentos entregues
pela JBS ao Ministério Público Federal (MPF), 20 páginas que foram registradas
com os números de 185 a 2104 no apenso 14 da delação mostram que os irmãos
Joesley e Wesley Batista produziram um dossiê sobre as atividades do coronel
reformado da Polícia Militar de São Paulo João Baptista Lima Filho. Amigo do
presidente Michel Temer, Lima é apontado pelos delatores da JBS como um dos
destinatários de repasses ilícitos.
O Estado procurou
Lima Filho em sua empresa, a Argeplan – cuja sede na Vila Madalena, na zona
oeste de São Paulo, foi vasculhada pelos agentes federais durante a Operação
Patmos –, mas ali foi informado pela segurança que o coronel não havia ido
trabalhar. Temer nega o recebimento de propina por meio do amigo e contesta a
delação dos irmãos Batista.
Lima conheceu Temer nos anos 1980,
quando o presidente ocupou pela primeira vez o cargo de secretário da Segurança
Pública de São Paulo, durante o governo de Franco Montoro (1983-1987), então no
PMDB. Aspirante a oficial na turma de 1966 da Academia da PM, Lima trabalhava
na Assistência Militar da pasta.
Depois que Temer deixou a
secretaria, Lima foi trabalhar na área responsável por obras na corporação –
foi o tempo em que se construiu o Hospital da PM, na zona norte, e o centro
administrativo. Em 1992, quando Temer voltou à pasta após o massacre do
Carandiru, Lima voltou a trabalhar com o amigo. Já coronel e formado em
arquitetura, ficou em um cargo na Secretaria de Segurança Pública.
Suspeitas envolvendo o nome de
Lima surgiram na Lava Jato em 2016. Segundo as investigações, de 2011 a 2016,
durante o período em que Temer ocupou a Vice-Presidência, a Argeplan do coronel
recebeu R$ 1,1 milhão por serviços em uma ferrovia e uma estrada federal, além
de obter contratos na Secretaria de Aviação Civil e na usina nuclear de Angra
3.
No dossiê da JBS há documento que
diz que Lima e a Argeplan são proprietários de uma fazenda em Duartina, no
interior de São Paulo, que foi invadida duas vezes pelo Movimento dos Sem-Terra
(MST). Intitulado Relatório Argeplan, a JBS entregou documento ao MPF. Nele
afirma que a empresa foi aberta em 1976. Era então “um pequeno escritório de
arquitetura em nome de Carlos Alberto Costa”. Em 2011, Lima teria sido admitido
na empresa com um capital de R$ 250 mil.
O relatório da JBS registra que,
em 2014, o presidente do PMDB da cidade de Jaú (SP), Geraldo Grizzo, se tornou
diretor técnico da empresa.
“Atualmente, através de consórcios
com outras construtoras, a Argeplan participa de ‘megaobras’ em todo o Brasil,
porém, todas elas estão sendo investigadas por diversas autarquias com
suspeitas de pagamento de propinas e outras vantagens ilícitas”, diz o
documento – que lista sete desses consórcios, duas outras empresas de Lima e
Costa e seis imóveis que estariam em nome da Argeplan.
Vínculo. A JBS estava
atrás de vínculos entre Lima e outro amigo de Temer, o ex-assessor especial do
Planalto, José Yunes. “Não encontramos nenhum vínculo ou indícios de
relacionamento comercial entre a Argeplan e José Yunes”. Os homens a serviço da
JBS consultaram informações da Receita Federal, da Junta Comercial e do
Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo. Também anexaram uma planilha
com a qual procuram demonstrar o suposto repasse de R$ 15 milhões para Temer em
forma de propina durante a campanha eleitoral de 2014.
Segundo Ricardo Saud, o ex-diretor
de relações institucionais da J&F, holding dos irmãos Batista, Temer teria
sido um dos únicos políticos que recebeu dinheiro do PT naquele ano e mandou
separar uma parte – R$ 1 milhão – para que lhe fosse entregue a título pessoal.
O pagamento teria acontecido no
dia 2 de setembro. O dinheiro em uma caixa, segundo os delatores, foi entregue
pela JBS a Lima na sede da Argeplan. Na delação, os executivos da JBS
justificam a confecção do dossiê sobre o coronel por causa da necessidade de
saber quem era o intermediário que lhes havia sido indicado para receber o
dinheiro.
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