Presidente
da Venezuela, Nicolás Maduro, deu entrevista coletivo
no Palácio
Miraflores, em Caracas, na terça-feira (17)
(Foto:
Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
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Chavistas se manifestam nesta
terça em defesa de Maduro. Oposição convocou protesto para a
próxima quinta.
A Venezuela vive um novo episódio
de tensões. Os chavistas se manifestaram maciçamente nesta terça-feira (30) em
uma contraofensiva frente ao protesto convocado pela oposição para a próxima
quinta-feira para exigir o referendo revogatório contra o presidente Nicolás
Maduro.
Com o nome de "Tomada da
Venezuela", os seguidores do governo, vestidos de vermelho, começaram a se
concentrar em um setor central de Caracas e em outros pontos do país em apoio a
Maduro e à revolução socialista de Hugo Chávez (1999-2013).
"Esse é o povo chavista nas
ruas manifestando seu apoio ao presidente Maduro e defendendo um projeto
político", declarou, ao liderar a manifestação, o número dois do chavismo,
Diosdado Cabello, que acusou a oposição de planejar um golpe de Estado.
A opositora Mesa da Unidade
Democrática (MUD) ajeita os detalhes para o que chama de a "Tomada de
Caracas", com a qual na quinta-feira pedirá a aceleração do processo do
revogatório ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE), acusado de servir ao
chavismo.
"Que ninguém se deixe
intimidar", conclamou o líder opositor Henrique Capriles, que em
entrevista à AFP assegurou que tem início agora uma nova etapa de mobilizações
para obrigar o governo a aceitar o referendo.
Tanto o governo quanto a oposição
têm trocado acusações nos últimos dias sobre atiçarem a violência nas
manifestações, aumentando o temor na população de ocorrerem incidentes.
Alguns comércios no leste de
Caracas, que a MUD previu como pontos de chegada de opositores de várias
cidades do país, planejam fechar na quinta-feira. "Vou ao protesto, porque
o país está mal e temos que nos pronunciar", disse à AFP María Rodríguez,
que vendia biscoitos a um pedestre em seu quiosque.
Imersa em uma profunda polarização
política, a Venezuela sofre uma grave crise econômica com a escassez de
produtos básicos que chega a 80% e uma inflação que foi de 180% em 2015, a mais
alta do mundo, e que segundo o FMI chegará a 720% esse ano.
'Nem que prendam todos nós'
Deputados da maioria opositora no
Parlamento denunciaram nesta terça-feira a "perseguição" contra
dirigentes da MUD. A oposição assegura que o governo está
"amedrontando" seus seguidores para evitar que se manifestem.
"Vê-se um aumento seletivo no
isolamento de dirigentes" da MUD, assegurou nesta terça o chefe
parlamentar e anti-chavista Henry Ramos Allup.
As autoridades venezuelanas
enviaram à cadeia, no sábado, o ex-prefeito opositor Daniel Ceballos, que
estava em prisão domiciliar há um ano, acusando-o de planejar sua fuga e
preparar atos violentos para quinta-feira.
Na segunda-feira, detiveram em
Caracas o opositor Yon Goicochea, acusado de portar detonadores para explosivos
que segundo o governo seriam usados no protesto. A oposição rejeitou as
acusações.
"Nem se prenderem todos nós
irão evitar que as pessoas saiam para lutar por uma mudança democrática,
eleitoral e pacífica", expressou o deputado opositor Tomás Guanipa, que
acusou o governo de "plantar" provas contra Goicochea.
O presidente Nicolás Maduro acusou
nesta terça dirigentes opositores de planejarem atos de violência na marcha
programada para quinta, e ameaçou prendê-los caso ocorram tumultos.
"Há que se derrotar o golpe
de Estado sem impunidade. Quem se envolver no golpe, ou estimular a violência,
vai preso, cavalheiro. Chorem ou gritem, serão presos!", advertiu Maduro,
sem mencionar nomes, em um discurso ante uma concentração multitudinária de
chavistas na Plaza Caracas, no centro da capital venezuelana.
Ambiente difícil
O Sindicato dos Jornalistas
denunciou um ambiente difícil para a imprensa. Pessoas não identificadas
lançaram, nesta terça-feira, bombas incendiárias contra a sede do jornal
"El Nacional", de linha opositora, enquanto jornalistas da emissora
árabe Al Jazeera, que viajaram até a Venezuela para cobrir o protesto, não
obtiveram permissão de entrada ao chegar no aeroporto.
Maduro denunciou que a oposição
organiza um golpe de Estado conduzido do exterior pelos Estados Unidos. O
dirigente chavista Jorge Rodríguez sentenciou nesta terça, na manifestação, que
no centro de Caracas os opositores "não vão entrar".
"Presume-se atos de violência
e desestabilização (...) Quando uma manifestação se transforma em violenta esse
direito se perde", advertiu o ministro do Interior, o general Néstor
Reverol, que analisa o dispositivo de segurança com chefes policiais.
A Igreja Católica venezuelana
pediu nesta terça que o governo respeite "o direito legítimo" à
manifestação. A oposição denunciou que as autoridades estão impedindo
seguidores vindos de outras regiões do país cheguem.
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