A presidente
afastada, Dilma Rousseff, faz sua defesa durante
sessão de julgamento do impeachment no Senado
(Ueslei
Marcelino/Reuters)
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O processo de impeachment contra a
presidente afastada Dilma Rousseff chega nesta terça-feira à etapa derradeira:
os senadores finalmente apresentarão seus votos – e decidirão se Dilma será
condenada por crime de responsabilidade, sendo definitivamente apeada do cargo.
A previsão, contudo, é que a votação se dê apenas na madrugada ou manhã de
quarta. Isso porque a sessão de hoje abrigará as manifestações da defesa e da
acusação, além dos discursos dos parlamentares inscritos.
Iniciada a sessão, acusação e
defesa têm 1h30 para se manifestar. Trata-se da chamada fase de discussão. Há
uma hora para réplica e outra para tréplica. Encerrada essa etapa, cada senador
terá a palavra, na ordem da inscrição. Os parlamentares terão 10 minutos cada
um para se manifestar. Na sequência, o presidente da sessão, ministro Ricardo
Lewandowski, lerá aos senadores um relatório resumido do julgamento, com os
argumentos da acusação e da defesa. Depois, dois senadores favoráveis ao
impeachment e dois contrários poderão falar por atpe 5 minutos cada. Somente
encerrada essa fase o painel de votação será aberto.
Questões de ordem ou manifestações
pela ordem podem ser feitas a qualquer momento, por até 5 minutos. O mesmo
tempo é concedido para argumentação contrária. O presidente da sessão decide
sobre as questões de ordem, não cabendo recurso ao plenário. Pelo acordo
estabelecido entre Lewandowski e os senadores, as questões de ordem devem ser
apresentadas no início da sessão e, em seguida, o presidente do STF deve
decidir acerca de cada uma delas.
Ao longo das horas em que falou,
Dilma foi dura com o Congresso e chegou até mesmo a responsabilizar os
parlamentares por ter inviabilizado seu governo, com a colocação de
pautas-bomba em votação. Como de praxe, nenhum mea-culpa de fato – nem para
tentar sensibilizar os senadores. Em alguns dos momentos mais tensos da sessão,
Dilma esteve frente a frente com os tucanos Aécio Neves (MG), derrotado por ela
nas eleições de 2014, e José Aníbal (SP), seu companheiro de luta armada e a
quem conhece há 50 anos. Se com Aécio trocou alfinetadas sobre o pleito, a
Aníbal a petista disse estar “estarrecida” com o fato de ele ter antecipado que
votará pelo impeachment.
A tropa de choque de Dilma também
não perdeu a oportunidade de subir à tribuna. Em um dos mais inflamados
discursos, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirmou que a política não veste
saias. “Ela ainda é um ambiente misógino”. E prosseguiu: “O que nos dá o
direito de julgá-la, de apontá-la os dedos, se a crise econômica que assola
esse país teve muito desse Congresso?”. Já Lindbergh Farias (PT-RJ) culpou
Temer e Cunha pelo processo – e se referiu à sessão da Câmara que aceitou a
denúncia como “assembleia de bandidos”.
O presidente em exercício Michel
Temer acompanhou o discurso da petista no Palácio do Jaburu, acompanhado do
ministro da Casa Civil Eliseu Padilha. Interlocutores de Temer classificaram a
fala de Dilma como “fraca politicamente” e avaliam que o discurso não tem o
poder de mudar votos. Ainda cedo, chegaram à residência oficial de Temer os
ministros da Secretaria Geral, Geddel Vieira Lima, o interino do Planejamento,
Dyogo Oliveira, e o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Aroldo
Cedraz. Assessores palacianos avaliam que Dilma mostrou nas respostas aos
congressistas a sua “crônica incapacidade de verbalizar e construir suas
ideias”. Todos se dizem convencidos de que os votos computados anteriormente
estão “totalmente preservados”.
Também nos bastidores senadores
petistas afirmam que a participação de Dilma foi importante para o registro
histórico, mas dificilmente mudará o placar da votação final. Dilma precisa de
28 votos para barrar o impeachment. Na votação que a tornou ré, obteve apenas
21. Aliados do presidente em exercício calculam que cerca de 60 dos 81
senadores vão votar pelo afastamento definitivo da petista.
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