Família de suspeito de terrorismo diz que não sabia da existência de celular | Rio das Ostras Jornal

Família de suspeito de terrorismo diz que não sabia da existência de celular

Alisson vivia com a mãe e o padrasto. A mãe se diz "arrasada"
com a prisão do filho e define o jovem como "caseiro".
(Reprodução Intertv)
A mãe de Alisson Luan de Oliveira, de 18 anos, preso por suspeita de envolvimento com o terrorismo, disse em entrevista à equipe da Inter TV neste domingo (24) que desconhecia a existência de um aparelho celular do filho. O telefone foi apreendido pela Polícia Federal na Operação Hashtag. Com estilo de vida humilde - a família trabalha com coleta de material reciclável - a mulher disse que o jovem utilizava muito a internet e que "parece que se comunicava por código".
"[A polícia] levou os livros dele do Islã, algumas coisas e o celular dele. Tinha um que eu não sabia que existia. Não sei como ele 'arranjou' também. Não tenho a menor ideia", disse a mãe, que preferiu não ter a identidade divulgada. A Polícia Federal prendeu o jovem em casa na última quinta-feira (21) quando também apreendeu dois aparelhos celulares dele, e um da mãe, segundo ela própria.
Alisson vivia com a mãe e o padrasto. A mãe se diz "arrasada" com a prisão do filho e define o jovem como "caseiro".
De acordo com a família, que segue a religião católica, o jovem se converteu ao islamismo há cerca de dois anos. Alisson mantinha uma rotina de orações e chegou a ir a uma mesquita em São Paulo apenas uma vez, segundo a mãe.
"Ele fazia as orações dele de duas em duas horas ou, às vezes, de uma em uma hora. Fez o ramadan. Sempre estava no quarto dele e 'tava' traduzindo o alcorão para o português, na internet", contou.
O padrasto, que mora na casa há dois anos e também não quis se identificar, fala que, após a conversão, o jovem mudou alguns hábitos de vestimenta, deixou a barba crescer e ficou mais reservado. Ele conta que a família não notava nenhum comportamento negativo em Alisson e culpa a internet pelo suposto envolvimento em grupos terroristas.
"Até fico pensando se isso não foi uma lavagem cerebral dentro dessa internet, dentro desse grupo. Porque a religião que ele segue em si não é ruim. A gente falava pra ele: 'Alisson, larga disso, larga dessa religião', ele: 'ah! vocês estão com preconceito da minha religião. Isso é crime'", contou o padrasto.
Viagens
A família de Alisson nega que ele tenha viajado para o exterior, como disse o funcionário de um mercado que trabalhou com o jovem. O amigo disse que a viagem à Síria seria para um susposto encontro com integrantes do Estado Islâmico (veja o vídeo acima).
"Ele tinha falado que ia, mas nunca foi. Ele vendeu o que tinha pra poder juntar. Ele vendeu dois X-box, mas no começo a gente não sabia nem pra que era o dinheiro", afirmou a mãe.
"Ele nunca saiu de casa. Nunca! Aí eu fiz ele gastar o dinheiro todinho. O passaporte dele tá em branco. Desde o dia em que ele pegou o passaporte continua em branco e tá com a Polícia Federal".
Família revela que tem medo de ir à rua
"Minha vida tá um transtorno. Eu tenho medo de sair na rua. as pessoas ficam apontando. Eu não sei o que fazer mais da minha vida, não tô nem indo trabalhar", contou a mulher.
O padrasto se diz revoltado com a reação da população e lembra que é morador da cidade desde a infância.
"A gente não é bandido! Se fez, fez ele, não foi a família. Se fez... porque eu acredito que não fez. Eu não posso falar que não fez por causa do celular, eu não sei o que ele conversou no celular. Mas a família em si tá sofrendo. Será que ninguém tá vendo isso? Será que a gente não tem vida?", lamentou o homem.
"Eu só quero meu filho de volta. Só isso que eu quero, gente. Meu filho não é isso tudo que vocês estão pintando", finalizou a mãe de Alisson.
Operação Hashtag
A operação de caráter sigiloso aconteceu a duas semanas do início da Olimpíada do Rio. Dez pessoas foram presas em sete estados, de acordo com o Ministério da Justiça. Os presos da Operação Hashtag são suspeitos, segundo o MInistério da Justiça, de terem realizado "atos preparatórios" visando ações terroristas.
Na manhã desta sexta-feira (22), os presos foram levados para o presídio federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. A unidade é de segurança máxima e recebe presos de alta periculosidade, como o traficante Fernandinho Beira-Mar, que está detido no local.
Ligação com Estado Islâmico
Segundo o MJ, alguns dos investigados na operação chegaram a fazer um juramento virtual ao grupo, no qual repetiam palavras de uma gravação, mas não tiveram contato com membros do Estado Islâmico. Para as autoridades brasileiras, os presos são uma "célula absolutamente amadora" e sem "nenhum preparo".
As prisões foram as primeiras no Brasil com base na recente lei antiterrorismo, sancionada em março pela presidente afastada, Dilma Rousseff. Também foram as primeiras detenções por suspeita de ligação com o grupo terrorista Estado Islâmico, que atua no Oriente Médio, mas tem cometido atentados em várias partes do mundo.

Do G1 Região dos Lagos com informações da Inter TV
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