Vinicius Borin, novo colaborador
da Lava Jato, revelou nomes de contas de 'beneficiários finais' de propinas da
empreiteira.
O empresário Vinicius Borin, novo
delator da Operação Lava Jato, listou em um de seus depoimentos 28 offshores
que seriam beneficiárias finais de transferências de Olívio Rodrigues Junior,
ligado à Odebrecht. As contas receberam, segundo os cálculos do executivo, US$
134.958.489,25.
Vinicius Borin não apontou em que
período o dinheiro foi repassado por Olívio Rodrigues Júnior às offshores. O
novo delator pode ajudar a Lava Jato a descobrir quem são os beneficiários de
suposta propina da empreiteira.
No depoimento de 21 páginas do
delator, há um trecho intitulado ‘beneficiários finais das transferências de
Olivio’. O empresário cita o executivo Luiz Eduardo da Rocha Soares, que seria
um dos controladores de contas no exterior da Odebrecht.
“O depoente informa que com o desenvolvimento
das investigações da Lava Jato, Luiz Eduardo começou a solicitar informações de
pagamentos para algumas contas, como, por exemplo, se tinha sido feita alguma
transferência, data e valores; que em razão destes pedidos o depoente foi
fazendo uma relação, já que aparentemente suspeitas”, afirmou Borin.
Na lista dos beneficiários
apontados pelo delator está a conta Shellbill Finance SA, do marqueteiro João
Santana, que atuou nas campanhas presidenciais de Dilma Rousseff (2010 e 2014)
e Luiz Inácio Lula da Silva (2006). À offshore foram transferidos US$
16.633.510 de três contas – Klienfeld, Innovation e Magna, ligadas à Odebrecht.
O detalhamento de Vinicius Borin é
composto pelo nome da conta que teria sido beneficiária de repasses, o valor
transferido e as supostas contas que teriam abastecido as offshores.
A Tech Trade Corporation foi a
conta que mais recebeu recursos. Foram transferidos US$ 24,4 milhões das contas
Magna, Innovation e Klienfeld. Estas mesmas três contas e mais a Fasttracker
repassaram à Sun Oasis Enterprises Limited US$ 12,747.406,69.
Borin trabalhou em São Paulo na
área comercial do Antigua Overseas Bank (AOB), entre 2006 e 2010. Borin e
outros ex-executivos do AOB se associaram a Fernando Migliaccio e Luiz Eduardo
Soares, então integrantes do Departamento de Operações Estruturadas – nome
oficial da central de propinas da empreiteira, segundo os investigadores da
Lava Jato – da Odebrecht para adquirir a filial desativada do Meinl Bank, de
Viena, em Antigua, paraíso fiscal no Caribe.
O novo delator disse em depoimento à força-tarefa da Lava Jato que a empreiteira controlou 42 contas offshores no exterior, sendo que a maior parte delas foi criada após aquisição da filial de um banco, o Meinl Bank Antigua, no fim de 2010. Vinícius Borin é o primeiro a falar em detalhes sobre as supostas transações internacionais do grupo por meio de offshores.
Estadão
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