O Ministério Público Federal
afirma, em relatório anexado aos autos da Operação Lava Jato, que o doleiro
Nelson Martins Ribeiro 'lavou dinheiro em favor do Grupo Odebrecht e de
funcionários corrompidos da Petrobrás' como o ex-diretor de Abastecimento Paulo
Roberto Costa. Nelson Martins Ribeiro foi preso na segunda-feira, 16, na
Operação Corrosão, 20ª fase da Lava Jato.
O documento da Procuradoria da
República cita também o doleiro Bernardo Freiburghaus, apontado pelos
investigadores como operador de propinas da Odebrecht. "Nelson Martins
Ribeiro, por intermédio de sua casa de câmbio N e A Viagens Turismo e Câmbio
LTDA., é um operador financeiro que, juntamente com Bernardo Freiburghaus,
desenvolveu diversos atos de lavagem transnacional de ativos em favor do Grupo
Odebrecht por intermédio da realização de transações financeiras ilícitas no
exterior a partir de contas sediadas nas Ilhas Cayman em nome das offshores
Crown International LTD, Enterprise Tech Industries Inc. e Apple Capital
Corp", sustenta a Procuradoria da República.
A investigação do Ministério
Público Federal partiu de documentos das contas bancárias de Paulo Roberto
Costa, mantidas na Suíça. Segundo os procuradores, as offshores Quinus Services
SA e Sygnus Assets SA, controladas pelo ex-diretor, um dos delatores do esquema
de corrupção na Petrobrás, recebiam 'altos repasses'.
As transferência eram oriundas de
contas mantidas em instituições bancárias das Ilhas Cayman em nome das empresas
Crown International LTD, Enterprise Tech Industries e Apple Capital Corp. Os
investigadores afirmam que estas três empresas depositaram US$ 5,6 milhões nas
contas de Paulo Roberto Costa, entre 2009 e 2012. Os repasses 'são
representativos de recebimentos de propinas' para a Procuradoria. A Sygnus
recebeu US$ 4.479.024 milhões e a Quinus, US$ 1.184.801.
Além dos depósitos feitos a Paulo
Roberto Costa, os procuradores sustentam que entre 22 de agosto de 2008 e 26 de
outubro de 2012 as contas de Nelson Martins Ribeiro 'receberam recursos' das
offshores Klienfeld Services LTD., Innovation Research, Trident Inter Trading e
Constructora International Del Sur que, por sua vez, 'receberam valores das
empresas do Grupo Odebrecht'.
"Em diversos casos é possível
verificar nas contas objeto da cooperação (internacional - Crown International,
Enterprise Tech Industries e Apple) aportes oriundos de contas nas quais as
empresas do Grupo Odebrecht depositavam, aos quais se sucediam, poucos dias
depois, depósitos em favor de Paulo Roberto Costa nas contas Quinus Services SA
e Sygnus Assets SA", aponta o documento subscrito por 11 procuradores da
força-tarefa da Lava Jato.
O relatório do Ministério Público
Federal aponta também que Nelson Martins Ribeiro manteve 'diversas
conversações' entre 2013 e 2014 com o doleiro Bernardo Freiburghaus, apontado
pelos investigadores como operador financeiro da Odebrecht. Segundo a Procuradoria
da República, o número telefônico de Nelson Martins Ribeiro 'efetuou e recebeu
mais de 30 chamadas dos terminais pertencentes' a Bernardo Freiburghaus.
Um dos delatores do esquema de
corrupção instalado na Petrobrás entre 2004 e 2014, Paulo Roberto Costa admitiu
ter recebido propinas. O Ministério Público Federal recebeu da Suíça extratos
bancários de contas em que o ex-diretor mantinha, diretamente ou por meio de
parentes, aproximadamente US$ 26 milhões. "Todo o dinheiro de Paulo
Roberto Costa na Suíça, como ele confessou, era produto e proveito dos crimes
de corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro", destaca a
Procuradoria.
A reportagem procurou o advogado
Leandro Bezerra Aguiar Ferreira, que defende Nelson Martins Ribeiro, por
telefone e mensagem de texto, mas ele não retornou ao contato.
COM A ADVOGADA FERNANDA TELLES,
ADVOGADA DE BERNARDO FREIBURGHAUS
O Bernardo é agente autônomo de
investimentos, sócio de uma empresa, Diagonal Investimentos, distribuidora de
fundos, administrados por várias instituições financeiras. Ele jamais atuou
como intermediador e operador de propinas, tão pouco tem poderes para abrir
contas no exterior ou aceitar depósitos ou fazer transferências. Tanto é assim
que, o material enviado por autoridades suíças sequer menciona o nome do
Bernardo nas contas das muitas empresas offshores investigadas.
COM A PALAVRA, A ODEBRECHT
"A Odebrecht refuta as
imputações feitas pelo Ministério Público Federal. A empresa não tem
relacionamento com a pessoa citada, tampouco é detentora das contas em
questão."
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