Dilma
embarca em helicóptero no gramado
do Palácio
da Alvorada
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Apesar de ter proibido a viagem em
primeira classe para ministros e determinado que eles compartilhem voos para
economizar, além de reduzir os salários do primeiro escalão do governo como
sinal de “corte na própria carne” em tempos de ajuste fiscal, a presidente
Dilma Rousseff não dispensou o uso do helicóptero VH-35 para se deslocar entre
a Base Aérea de Brasília e o Palácio da Alvorada, residência oficial da chefe
do Executivo.
Segundo o Google Maps, os 21,6
quilômetros entre os dois pontos podem ser percorridos de carro em 23 minutos,
quando não há engarrafamentos. De helicóptero, são 5 minutos de ida e 5 de
volta.
O Planalto não divulga o gasto da operação,
alegando questões de “segurança” da presidente da República. Mas, segundo
consulta feita pelo Estado às empresas de táxi aéreo, tomando por base a versão
civil do helicóptero presidencial – o EC-135, semelhante ao VH-35 –, a hora
voada custa de R$ 12 mil a R$ 13 mil. Ou seja, proporcionalmente, cada viagem
de cinco minutos feita pela presidente entre o Alvorada e a Base Aérea custaria
cerca de R$ 1 mil.
O uso frequente do helicóptero por
Dilma, em tempos de verbas contingenciadas, está incomodando militares da Força
Aérea, porque o desembolso dos gastos dos voos é feito na conta da FAB, que, a
exemplo de todas as demais pastas, sofreu drástico corte de verbas.
É fato que os pilotos dos
helicópteros precisam cumprir as horas de voos mínimas previstas para se
capacitar. Mas a queixa é que o uso intenso do helicóptero está consumindo
recursos que poderiam ser distribuídos para treinamento dos pilotos nos demais
equipamentos da Aeronáutica, e não só nesse modelo.
Voos
O ajuste fiscal foi anunciado em
14 de setembro. De lá para cá, a presidente usou o helicóptero 28 vezes para ir
ou voltar da base. Como cada trecho custaria em torno de R$ 1 mil, nos últimos
dois meses teriam sido gastos R$ 28 mil para percorrer um trajeto que poderia
ser feito de carro, dado que Dilma tem batedores à disposição.
Na madrugada de segunda para terça
da semana passada, por exemplo, quando desembarcou na Base Aérea de Brasília,
por volta das duas horas da madrugada, chegando da viagem à Turquia, mesmo sem
o menor trânsito ou qualquer problema que impedisse o seu rápido deslocamento
até o Palácio da Alvorada, a presidente fez o curto trajeto de helicóptero.
Luiz Inácio Lula da Silva e
Fernando Henrique Cardoso, antecessores de Dilma, também usaram os helicópteros
da FAB entre o Alvorada e a Base Aérea, mas em menor frequência. Em 2004, um
ano depois de deixar o poder, FHC, em entrevista, disse que sentia falta de
duas coisas de quando era presidente: “do helicóptero, um instrumento de
trabalho extraordinário” e “da piscina do Alvorada”.
Procurada pela reportagem, a
assessoria de imprensa do Planalto informou que não se manifestaria, já que o
assunto envolve a segurança da presidente.
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