Por causa dos estoques baixos, os veterinários acabam tendo de recorrer a doadores cativos, como criadores de animais.
Iniciativa
ainda pouco comum, a doação de sangue de animais domésticos segue praticamente
desconhecida no Brasil, onde bancos veterinários sofrem para contornar baixos
estoques – e salvar vidas.
"Nossos
estoques estão quase sempre zerados", disse à BBC Brasil a veterinária Lívia
Mendes Miranda, do Hospital Veterinário Anhembi Morumbi, que possui um dos
maiores bancos de sangue privados do país.
Essa
é a realidade dos veterinários Alan Wermelinger e Bernardo Paiva. Eles são
donos do banco de sangue para animais domésticos Hemoterapet em Vila Isabel, na
Zona Norte do Rio de Janeiro, e reclamam da dificuldade de conseguir doações. "Muitas
pessoas só descobrem que a gente existe quando o animal delas precisa de uma
transfusão, seja por doença, como anemia, ou cirurgia. Além disso, há pouca
divulgação e inexiste qualquer tipo de campanha a nível federal sobre o
tema", afirmou Paiva à BBC Brasil.
Criadores
de animais
Por
causa dos estoques baixos, os veterinários acabam tendo de recorrer a doadores
cativos, como criadores de animais. A
psicóloga Márcia Araújo é uma delas. Ela tem três dogues alemães, que já doam
há bastante tempo. "Quando
um animal se acidenta ou fica doente e precisa de transfusão de sangue como
qualquer ser humano, os cães e gatos têm de tirar sangue de algum lugar. Que
seja de animais saudáveis como em criações como a minha ou de outros criadores
que criam com todo carinho e amor, que prezam pela saúde de seus animais",
defendeu Márcia.
O
procedimento para a coleta de sangue é indolor e dura menos de cinco minutos,
mas tem alguns pré-requisitos. "No
caso dos cachorros, é preciso ter entre um e oito anos e ter mais de 25 quilos.
No caso dos gatos, é preciso ter entre um e oito anos também e ter mais de
quatro quilos", afirmaram Wermelinger e Paiva.
"Os
animais precisam ser dóceis, estar vacinados e vermifugados, não terem doença e
nunca terem recebido transfusões de sangue", acrescentaram.
Mais
desafios
Galesco,
que produz 50 bolsas (cada tem cerca de 400 a 450 ml) por mês, provenientes de
seu próprio canil, diz que já trabalha no "limite" e defende maior
conscientização dos doadores para elevar o número de doações. "Já
temos vários limitações, como o peso do doador. Quem hoje tem um cachorro de 25
quilos? As pessoas vivem em apartamento. Imagine ainda transportar o animal até
uma clínica para fazer a doação. Por isso, precisamos de mais doadores e maior
divulgação da atividade", explicou ele.
Em
nota enviada à BBC Brasil, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do
Estado de São Paulo (CRMVSP) informou que "não há regulamentação
específica na Medicina Veterinária, devendo os bancos atenderem as
especificações para humanos, como forma de orientação".
Fonte: BBC Brasil
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