Nos depoimentos
à PF, investigados na 7ª fase da operação Lava Jato têm se recusado a falar ou
negado envolvimento em fraudes na Petrobras.
Relatórios da
Polícia Federal, obtidos pelo Jornal Nacional, mostram que alguns dos 23 presos
na 7ª fase da operação Lava Jato estiveram no escritório do doleiro Alberto
Youssef, em São Paulo. Segundo as investigações, Youssef é um dos operadores de
um esquema bilionário de corrupção na Petrobras. Em Curitiba, para onde foram
levados, os executivos de grandes empreiteiras têm negado as acusações.
Nesta
segunda-feira (17) foi mais um dia de depoimentos em Curitiba. Até agora, 16
dos 23 presos já foram ouvidos. Entre eles, o ex-diretor de Serviços e
Engenharia da Petrobras, Renato Duque. Os agentes federais montaram uma força
tarefa para conseguir ouvir logo todos os suspeitos que estão com prisão
temporária decretada, porque o prazo de cinco dias termina na terça-feira (18).
Fernando
Soares, suspeito de ser um dos operadores do esquema de corrupção na Petrobras,
continua foragido. O advogado dele foi nesta segunda-feira (17) à sede da
Polícia Federal. “Fernando é um camarada que está sendo usado como bode expiatório”,
defendeu o advogado.
Nos
depoimentos, os investigados têm se recusado a falar ou negado as suspeitas de
formação de cartel, corrupção e fraude a licitações. Mas, de acordo com
relatórios da Polícia Federal, as empresas decidiam entre elas quem seria a
vencedora das licitações para obras da Petrobras.
Ainda segundo
as investigações, em cada contrato já vinha embutido o valor da propina que
seria entregue a quem ajudou a organização criminosa.
Em depoimento à
Justiça, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que foi um dos alvos da
primeira fase da operação Lava Jato, em março, e que hoje cumpre prisão
domiciliar, falou sobre essa combinação entre as empresas.
"Quando eu
entrei, em 2004, ficou claro pra mim da... Dessa, entre aspas, acordo prévio
entre as companhias, em relação às obras. Ou seja, existia claramente, isso me
foi dito por algumas empresas, pelos seus presidentes das companhias, de forma
muito clara, que havia uma escolha de obras dentro da Petrobras e fora da
Petrobras", afirma Paulo Roberto Costa.
Segundo as
investigações, esse clube, como os envolvidos chamavam o grupo de empresas do
esquema, tinha como um dos participantes o presidente da construtora UTC,
Ricardo Pessoa, que também está preso.
Ele e outrospresos nesta 7ª fase da operação Lava Jato tiveram a entrada registrada noprédio em São Paulo onde fica o escritório do doleiro Alberto Youssef, que foi
preso em março e é considerado pelos investigadores um dos chefes da
organização criminosa.
Relatórios da
Polícia Federal mostram que Ricardo Pessoa visitou o prédio onde funcionava o
escritório do doleiro, em junho de 2011.
E os dois
também se falavam frequentemente por mensagens de texto. A polícia contou 35,
só entre setembro e dezembro do ano passado. No fim de uma mensagem de Ano
Novo, trocada entre eles no dia 31 de dezembro de 2013, Youssef diz: ‘beijo no
seu coração, do seu primo’. Pessoa responde: ‘amigo primo. Queria lhe agradecer
pela parceria e lealdade’.
Além de Pessoa,
outros funcionários da UTC foram ao escritório de Youssef, como Walmir Pinheiro
Santana e Ednaldo Alves da Silva, que também estão presos. Eles foram
fotografados na portaria do prédio, material recolhido pela Polícia Federal.
Ednaldo foi 63 vezes ao escritório de Youssef entre fevereiro de 2011 e dezembro
de 2013.
A portaria do
prédio do escritório de Youssef também registrou a entrada de outro suspeito
que, segundo as investigações, atuava na distribuição de dinheiro: o policial
federal Jayme Alves de Oliveira Filho. Segundo a PF, só entre os anos de 2011 e
2012, Jayme, que agora está preso, teria feito o transporte de mais de R$ 13
milhões em dinheiro vivo, além de quase US$ 1 milhão. E 375 mil euros.
Outro dos 23
presos, que segundo a Polícia Federal também distribuía dinheiro em espécie, é
José Ricardo Nogueira Breghirolli, funcionário da OAS. José Ricardo foi pelo
menos 26 vezes ao escritório de Youssef entre abril de 2011 e março desse ano.
Em mensagens de
texto, de fevereiro desse ano, eles acertam a entrega de dinheiro, segundo a
PF, R$ 66 mil, em um endereço em Porto Alegre. No mês seguinte, outra entrega,
também na capital gaúcha: desta vez de R$ 500 mil.
Enquanto a
polícia corre contra o tempo para tomar os depoimentos, os advogados já
entraram com vários pedidos de liberdade. Foram, pelo menos, 13 até agora. Por
enquanto, a polícia tem negado a liberdade aos presos da operação Lava Jato.
Até porque ainda há muita coisa para ser esclarecida. Uma pergunta da Polícia
Federal, feita durante o depoimento de um diretor da Queiroz Galvão, revela que
Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef mencionaram à Justiça que o pagamento de
comissões pelas empreiteiras também foi feito para o atual diretor de
Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza.
Segundo a
Petrobras, o diretor de abastecimento José Carlos Cosenza nega ter recebido
comissões de empreiteiras e jamais teve contato com Alberto Yousseff.
Os advogados de
Ricardo Pessoa, Walmir Pinheiro Santana e Ednaldo Alves da Silva declararam que
os clientes têm colaborado com as investigações. E que os três presos só vão
prestar depoimento nesta terça-feira (18).
As empreiteiras
envolvidas nesta fase da operação Lava Jato também têm afirmado que estão
colaborando com as autoridades.
Os advogados de
Jayme Alves de Oliveira Filho e José Ricardo Nogueira Breguiróli não foram
localizados.
Além de
Fernando Soares, que é conhecido como Fernando Baiano, outro foragido é Adarico
Negromonte Filho, irmão do ex-ministro das Cidades Mário Negromonte.
Fonte: G1
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