A maioria das vítimas é mulher, sendo 70% são crianças ou adolescentes. Mais de 92% dos agressores são homens. Pais, padrastos, amigos e conhecidos representam 56,3% dos criminosos.
Pesquisa
divulgada ontem, quinta-feira (27), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
apontou que 58,5% dos entrevistados concordaram totalmente ou parcialmente com
a frase "Se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos
estupros". Em relação a essa pergunta, 35,3% concordaram totalmente, 23,2%
parcialmente, 30,3% discordaram totalmente, 7,6% discordaram parcialmente e
2,6% se declararam neutros.
"Por
trás da afirmação, está a noção de que os homens não conseguem controlar seus
apetites sexuais; então, as mulheres que os provocam é que deveriam saber se
comportar, e não os estupradores. A violência parece surgir, aqui, também, como
uma correção. A mulher merece e deve ser estuprada para aprender a se
comportar", dizem os pesquisadores.
Os
pesquisadores também perguntaram "Mulheres que usam roupas que mostram o
corpo merecem ser atacadas": 42,7% concordaram totalmente com a afirmação,
22,4% parcialmente; e 24% discordaram totalmente e 8,4% parcialmente.
"O
acesso dos homens aos corpos das mulheres é livre se elas não impuserem
barreiras , como se comportar e se vestir 'adequadamente'", concluíram os
pesquisadores.
Conforme o
levantamento, 63% concordaram, total ou parcialmente, que “casos de violência
dentro de casa devem ser discutidos somente entre os membros da família”, 89%
dos entrevistados tenderam a concordar que “a roupa suja deve ser lavada em
casa” e 82% que “em briga de marido e mulher não se mete a colher”.
Os dados
fazem parte da pesquisa Sistema de Indicadores de Percepção
Social (SIPS) - Tolerância social à violência contra as mulheres, que mostrou
ainda que 78,1% dos entrevistados concordam totalmente e 13,3% concordam
parcialmente que a prisão é a punição adequada para o homem que bate na esposa.
A pesquisa colheu dados sobre casamento entre pessoas do mesmo sexo e relação
familiar.
Os
pesquisadores sugerem que a população ainda tem "visão de família nuclear
patriarcal, ainda que sob uma versão contemporânea, atualizada. Nessa, embora o
homem seja ainda percebido como o chefe da família, seus direitos sobre a
mulher não são irrestritos, e excluem as formas mais abertas e extremas de
violência.
Os
resultados apontam que a Lei Maria da Penha, que endurece as punições para o
agressor, contribuiu para minimizar a tolerância à violência contra a mulher.
Para a secretária Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres da
Secretaria de Políticas para as Mulheres, Aparecida Gonçalves, as tendências
machistas vêm mudando. “Apesar de não ter mudado ainda da forma como gostaríamos,
elas vêm se alterando aos poucos, principalmente no que tange à violência
doméstica e familiar”.
Ao todo,
3.810 pessoas foram entrevistadas no ano passado, sendo 66,5% mulheres.
Outra
pesquisa do Ipea apresentou dados sobre o crime de estupro no Brasil. A
estimativa com base nos atendimentos prestados às vítimas é que, a cada ano,
527 mil pessoas são estupradas no país. Apenas 10% dos casos chegam ao
conhecimento da polícia. A maioria das vítimas é mulher, sendo 70% são crianças
ou adolescentes. Mais de 92% dos agressores são homens. Pais, padrastos, amigos
e conhecidos representam 56,3% dos criminosos.
Fonte: Agência Brasil
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentario.
Fique sempre ligado do que acontece em nossa cidade!