(Foto: Mariane Rossi/G1) |
Procedimento
pode ser utilizado em indústrias que têm água contaminada.
Descoberta foi feita em Santos e está sendo patenteada por pesquisadores.
Um
engenheiro ambiental descobriu que o resíduo do bagaço da cana de açúcar pode
retirar corantes de águas contaminadas, resultantes de processos industriais. A
descoberta partiu de um estudo de Mestrado de Ecologia na Universidade Santa
Cecília, em Santos, e está em processo de patente.
Durante
uma visita em uma usina de cana de açúcar, o consultor ambiental Antônio Iris
Mazza observou uma montanha de bagaço de cana. Ao lado, uma parte de resíduos
que eram jogados em aterros sanitários, como se fossem lixo. A partir dessa
observação, ele quis encontrar uma forma de utilizar aquele material. “Pensei
em como produzir uma cinza para alguma coisa útil. Por isso resolvi trazer o
material para o laboratório”, explica Mazza.
Nas
primeiras experiências, ele tentou utilizar a chamada ‘cinza’ do bagaço da cana
de açúcar para retirar carga orgânica do esgoto. Os primeiros testes foram
positivos mas, depois, o procedimento apresentou resultados que não eram
constantes e, por isso, não obteve sucesso.
Mazza estudou mais um pouco o
material e começou a fazer testes com água contaminadas com corantes,
resultante de processos químicos. “Quando a água tem corante ela altera o
processo de fotossíntese e, assim, todo o ambiente marítimo é afetado”, afirma.
Por isso, segundo o engenheiro ambiental, a água contaminada com corante deve
passar por vários processos antes de ser descartada.
Depois
de aproximadamente 600 testes e uma pesquisa que durou quase sete meses, ele
conseguiu comprovar que o pó do bagaço da cana retira até 80% do corante da
água contaminada. Um procedimento foi utilizado em três tipos de corantes
(amarelo, vermelho e azul) e deu o mesmo resultado positivo. Com isso, uma
solução retirada da natureza, que seria descartada, é usada a favor do meio
ambiente.
O
resíduo do bagaço da cana é misturado com a água e são feitas 100 rotações por
minuto em um recipiente. Após isso, o líquido passa por uma peneira e por uma
centrífuga. Por último, a água passa por uma medição para avaliar quanto foi
retirado do corante. “Esse procedimento com o resíduo pode ser usado para a
retirada de cor, metais, carga orgânica, efluentes industriais e todo o
processo que usa o carvão ativado”, explica o engenheiro. Apenas duas gramas de
resíduo são suficientes para retirar o corante de um litro de água contaminada.
A medição pode ser usada em qualquer proporção.
Sendo assim, o resíduo da cana pode ser substituído pelo carvão ativado, utilizado para esse procedimento de retirada dos resíduos, mas que gera um custo muito alto para a maioria das empresas. “O corante é usado em tudo, como, por exemplo, para fazer uma camiseta colorida. Mas não pode jogar isso no meio”, explica o orientador da pesquisa de Mestrado de Mazza, o professor doutor Sílvio José Valadão Vicente. Segundo ele, a descoberta da ação desse resíduo aconteceu por acaso, assim como tantas outras invenções no mundo, e é mais uma conquista a favor da sustentabilidade. “A sustentabilidade deixou de ser a expressão da moda e passou a ser uma necessidade", afirmou o doutor.
Pesquisas
mais minuciosas poderão comprovar se o resíduo pode transformar água não
potável em água para reuso. A boa notícia é que, segundo eles, isso já é um
palpite quase certo. “A pesquisa deu indicadores de que pode ser usado o
resíduo. Mas os testes ainda precisam ser feitos”, afirma o engenheiro.
Após apresentar a descoberta para o mundo acadêmico, Mazza está em processo de patentear o tratamento com o RBC (resíduo do bagaço da cana). Como consultor ambiental, ele continua fazendo testes e observando resíduos nas indústrias para que, no futuro, cada vez mais se use a matéria prima natural para resolver problemas industriais a baixo custo. “Esse material vem da natureza. Existe um ganho financeiro e não destrói árvores, como se faz com o carvão. Eu criei mais um produto que veio da cana de açúcar”, finaliza Mazza.
Após apresentar a descoberta para o mundo acadêmico, Mazza está em processo de patentear o tratamento com o RBC (resíduo do bagaço da cana). Como consultor ambiental, ele continua fazendo testes e observando resíduos nas indústrias para que, no futuro, cada vez mais se use a matéria prima natural para resolver problemas industriais a baixo custo. “Esse material vem da natureza. Existe um ganho financeiro e não destrói árvores, como se faz com o carvão. Eu criei mais um produto que veio da cana de açúcar”, finaliza Mazza.
Fonte: G1
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