Oito policiais são suspeitos de envolvimento no assassinato de juíza em Niterói | Rio das Ostras Jornal

Oito policiais são suspeitos de envolvimento no assassinato de juíza em Niterói


No rol de suspeitos da Divisão de Homicídios (DH) estão um tenente, dois cabos e cinco soldados que formavam o Grupo de Ações Táticas (GAT).
Os PMs tiveram a prisão preventiva decretada pela juíza no mesmo dia em que ela foi executada.

A principal linha de investigação para esclarcer o assassinato da juíza Patrícia Acioli, assassinada com 21 tiros na Região Oceânica de Niterói, no último dia 11 , é a prisão de oito policiais militares. No rol de suspeitos da Divisão de Homicídios (DH) estão um tenente, dois cabos e cinco soldados que formavam o Grupo de Ações Táticas (GAT) do 7º BPM (Alcântara). Os PMs tiveram a prisão preventiva decretada pela juíza no mesmo dia em que ela foi executada. O sigilo telefônico dos oito policiais foi quebrado por ordem da Justiça. Os investigadores da DH fazem, agora, o cruzamento das ligações feitas pelo grupo principalmente nos dias 11, 12 e 13. Nesse período, aconteceu a prisão de seis dos oito PMs suspeitos. Dois deles já cumpriam prisão temporária. A DH quer saber com quem eles conversaram e por quanto tempo, e também procura confirmar onde cada um esteve naqueles três dias.

Foram informações obtidas junto a pessoas ligadas profissionalmente à juíza Patrícia Acioli que levantaram as suspeitas dos policiais da DH envolvidos na investigação do assassinato. Testemunhas disseram que os oito PMs não esperavam ter a prisão decretada e teriam ficado visivelmente irritados quando souberam da decisão da magistrada.

- Eles ficaram surpresos, revoltados, uma vez que a própria juíza havia garantido que só decretaria a prisão de um. Não sei exatamente dizer porque ela mudou de ideia e resolveu decretar a prisão de todos - contou um amigo de Patrícia.

Os oito PMs são acusados da execução de Diego de Souza Beliene, de 18 anos, irmão de um traficante da favela do Salgueiro, em São Gonçalo. A região é considerada uma área violenta, reduto de bandidos que fugiram de morros ocupados pela polícia no Rio. De acordo com a denúncia, no dia 3 de junho deste ano, os policiais militares teriam entrado na favela, matado o rapaz e simulado um confronto. Os PMs teriam deixado uma pistola 9mm e uma quantidade de drogas (cocaína e maconha) ao lado do corpo.

Moradores do local e parentes de Diego disseram que ele trabalhava e não era ligado ao tráfico. A história dos PMs não convenceu os policiais da 72ª DP (Centro), que investigavam o crime. Já havia no município um movimento, liderado pela juíza Patrícia Acioli, contra casos semelhantes. No ano passado, ela chegou a reunir policiais, promotores e coronéis da Polícia Militar de São Gonçalo para avisar que não toleraria a proliferação de execuções, sob o pretexto de terem sido autos de resistência - morte em confronto. No curso do inquérito, a versão dos PMs acabou definitivamente derrubada e os policiais foram denunciados por homicídio qualificado. Dos oito policiais, dois cabos acabaram tendo a prisão decretada e um deles admitiu ter feito o disparo que matou o rapaz.

- Um cabo acabou assumindo tudo, reconhecendo que havia errado e matado o rapaz. Parecia que o crime estava resolvido. Os policiais civis nem chegaram a indiciar os demais, após a confissão - afirmou uma testemunha ouvida pelo GLOBO.

Outras três pessoas ouvidas pelo jornal afirmaram que a juíza Patrícia Acioli, no dia 11, presidiu várias audiências. Por volta das 18h, ela começou a apreciar o caso dos policiais. Todos no Tribunal do Júri acreditavam que a juíza iria manter apenas a prisão do cabo. Os outros policiais não estavam no fórum, mas a notícia da decretação da prisão, por volta das 19h30m, logo se espalhou pela cidade.
- As 20h daquela noite, pelo menos três PMs foram avisados pelo advogado da decisão. Ninguém entendeu os motivos. O martelo de ferro (apelido que a juíza ganhou por aplicar sentenças consideradas duras) funcionou - revelou uma testemunha.

Ao considerarem os policiais militares como os principais suspeitos, os agentes da Delegacia de Homicídios acreditam que o assassinato da juíza não foi planejado, mas decidido, às pressas, na mesma noite do crime. Nessa hipótese, Patrícia Acioli teria sido seguida do fórum até sua casa, na Região Oceânica. Pelo menos duas motocicletas e um carro teriam sido usados pelos criminosos, que executaram a juíza com tiros de pistolas .40 e 45.

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