Oposição e parte da base aliada
cobram saída de ministro como forma de não desgastar o presidente; PDT sinaliza
desembarque em caso de demissão
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
enfrenta uma de suas maiores crises com o escândalo de fraudes no INSS (Instituto
Nacional do Seguro Social), que expôs descontos indevidos em benefícios de
aposentados e pensionistas. As irregularidades, que podem ter causado prejuízo
de mais de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, colocaram o ministro da
Previdência, Carlos
Lupi (PDT), no centro da crise. A operação da Polícia Federal que
revelou o esquema levou ao afastamento da cúpula do INSS, incluindo o então
presidente do instituto, Alessandro Stefanutto — indicado por Lupi e demitido
por Lula na última semana. Embora os contratos sob suspeita tenham origem ainda
no governo anterior, as falhas de fiscalização e a demora na adoção de medidas
durante a atual gestão aumentaram a pressão sobre o ministro.
Segundo documentos do Conselho
Nacional de Previdência Social (CNPS), Lupi foi alertado sobre as
irregularidades em junho de 2023. No entanto, as primeiras ações concretas do
INSS só ocorreram quase um ano depois, em março de 2024. À imprensa, o ministro
tem negado omissão e afirma ter tomado as providências necessárias, inclusive
com auditoria interna, demissões e novas normas para os descontos. Mesmo assim,
a oposição e parte da base aliada cobram sua saída.
A permanência de Lupi divide o
governo. Integrantes do Planalto avaliam que manter o ministro no cargo amplia
o desgaste político e prejudica a imagem de Lula, já afetada por índices de
impopularidade. Por outro lado, uma eventual demissão pode provocar o rompimento
do PDT com a
base governista. A sigla, que conta com 17 deputados e três senadores, já
sinalizou que deixará a coalizão se perder o controle da pasta da Previdência.
Além da pressão interna, Lupi enfrentou nesta terça-feira (30) uma audiência na
Comissão de Previdência da Câmara, onde prestou esclarecimentos sobre a crise.
A Controladoria-Geral da União
(CGU) suspendeu todos os descontos feitos por associações nos benefícios e
prometeu devolver os valores cobrados indevidamente já a partir de maio. O
governo tenta agora estancar o dano político e financeiro, enquanto Lula evita
se posicionar diretamente sobre o destino de Lupi, repetindo a estratégia de
avaliar cenários antes de tomar uma decisão.
Aliados do ministro afirmam que
ele está sendo usado como “bode expiatório” e criticam a falta de defesa
pública por parte do Planalto. Há receio de que novas revelações da
investigação aprofundem a crise e comprometam ainda mais a governabilidade.
Para integrantes do PDT, o tratamento dado ao ministro revela desprestígio do
partido nas articulações do governo. A crise ocorre às vésperas do 1º de Maio,
data sensível para o governo junto às centrais sindicais e aposentados,
principais atingidos pelo escândalo. A expectativa agora recai sobre os próximos
movimentos de Lula — entre preservar uma aliança política ou tentar conter o
desgaste público com uma troca ministerial.
JP
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