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Representantes do
governo do Reino Unido se reúnem em caráter de urgência nesta quinta-feira (5),
após a confirmação de dois novos casos de envenenamento no país com o agente
neurotóxico Novichok, depois da contaminação do ex-espião russo Serguei Skripal
e sua filha, Yulia, em março. O ministro britânico da Segurança, Ben Wallace,
exigiu explicações da Rússia.
"A Rússia poderia
se retificar e nos dizer o que aconteceu, o que eles fizeram e nos dar
respostas às perguntas que ainda fazemos", declarou Wallace à BBC na
manhã desta quinta-feira. Segundo ele, é Moscou que tem "as chaves para
garantir a segurança da população".
O governo russo
reagiu, afirmando que Londres nunca foi favorável a uma investigação comum entre os dois países sobre o envenenamento
de Skripal. "Não temos informações sobre a substância utilizada, nem
sobre a forma como ela foi utilizada" indicou o porta-voz do Kremlin,
Dmitri Peskov, ressaltando sua "preocupação" sobre a utilização
repetida deste tipo de substância na Europa.
Casal foi encontrado
inconsciente
Na quarta-feira (4), autoridades britânicas revelaram que um
casal foi encontrado inconsciente no último sábado (30) em uma
residência na cidade de Amesbury, no sudoeste da Inglaterra, a apenas alguns
quilômetros de Salisbury, onde Skripal e sua filha foram envenenados com o
Novichok. O homem e a mulher, de 44 anos, foram identificados por um amigo como
Charlie Rowley e Dawn Sturgess, e estão internados em estado crítico.
Depois de realizar
análises, a polícia concluiu que ambos foram expostos à mesma substância que
Skripal e Yulia. Os serviços antiterroristas passaram a dirigir a
investigação após os exames no laboratório militar de Porton Down
identificarem o veneno.
Os investigadores se
concentram agora em determinar se o casal teve contato com o mesmo lote do
agente neurotóxico que envenenou Skripal e Yulia. Segundo as autoridades, não
há nenhuma explicação, até o momento, para que essas duas pessoas tenham sido
alvo de um ataque.
Em março, o governo
britânico declarou que o ataque de Salisbury foi cometido com um agente nervoso
da família Novichok, fabricado em laboratórios militares russos. Para as
autoridades do Reino Unido, só há duas opções: que Moscou utilizou a substância
de propósito, ou que perdeu o controle do veneno.
Skripal é um antigo
coronel dos serviços secretos militares russos, condenado por traição por
passar segredos aos ingleses, que acabou se instalando na Inglaterra após uma
troca de espiões. No entanto, o Kremlin sempre negou qualquer envolvimento no
caso.
O incidente gerou uma crise diplomática entre a Rússia e o
Reino Unido, com uma onda de expulsões de diplomatas por Londres e
seus países aliados, de um lado, e de Moscou, de outro. Apesar de Serguei e
Yulia Skripal terem sobrevivido ao ataque, o envenenamento do pai e da filha
nunca foi esclarecido.
RFI
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