Petista criticou unilateralismo e
pediu reforma na OMC; Brics vai divulgar declaração sobre Inteligência
Artificial
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu
neste domingo (6) a participação dos países do chamado Sul Global no
desenvolvimento de novas tecnologias, em especial da Inteligência
Artificial.
Na abertura da sessão desta tarde
da cúpula do Brics, que neste ano
ocorre no Rio de Janeiro (RJ), Lula defendeu a construção da IA de forma
“justa, inclusiva e equitativa”. O brasileiro discursou na plenária
“Fortalecimento do Multilateralismo, Assuntos Econômico-Financeiros e IA”.
O comando do Brics é rotativo e,
neste ano, está sob responsabilidade
do Brasil.
“Ao adotar a Declaração sobre
Governança da Inteligência Artificial, o Brics envia uma mensagem clara e
inequívoca: as novas tecnologias devem atuar dentro de um modelo de governança
justo, inclusivo e equitativo. O desenvolvimento da Inteligência Artificial não
pode se tornar privilégio de poucos países ou um instrumento de manipulação na
mão de bilionários”, destacou Lula.
O petista também pediu a
ampliação das discussões. “Tampouco é possível progredir sem a participação do
setor privado e das organizações da sociedade civil”, acrescentou.
Criado em 2009, o Brics reúne
atualmente 11 países e conta com dez nações parceiras (confira lista ao fim).
Lula aproveitou para criticar a
OMC (Organização Mundial do Comércio) e pedir mudanças na estrutura da
instituição. O organismo é responsável por ditar as regras das trocas
comerciais entre os países integrantes.
“A reforma da OMC é outro eixo de
ação imprescindível e urgente. Sua paralisia e o recrudescimento do
protecionismo criam uma situação de assimetria insustentável para os países em
desenvolvimento. Não será possível restabelecer a confiança na OMC sem promover
um equilíbrio justo de obrigações e direitos que reflita adequadamente os
interesses de todos os seus membros”, destacou o petista.
Em meio ao tarifaço
do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a fala de Lula pode ser
lida como uma crítica indireta ao republicano, mesmo que o brasileiro não tenha
citado Trump.
Recentemente, o governo
brasileiro cogitou
acionar a OMC em resposta às sobretaxações dos EUA a produtos
brasileiros. Tanto Brasil quanto EUA fazem parte da organização.
“Enquanto o unilateralismo cria
barreiras ao comércio, nosso bloco trabalha por sistemas de pagamento
transfronteiriços mais rápidos, baratos e seguros. Isso vai intensificar o
nosso fluxo de comércio e serviços”, acrescentou Lula.
Integração do Brics
Ainda sobre o desenvolvimento de
novas tecnologias, Lula citou a possibilidade de os países do Brics se
conectarem por meio de ligações submersas.
“Fazer um estudo de viabilidade
para o estabelecimento de cabos submarinos ligando diretamente membros do Brics
aumentará a velocidade, a segurança e a soberania na troca de dados”, sugeriu.
Outros organismos
internacionais
Além da OMC, Lula criticou
o Banco Mundial e o FMI (Fundo Monetário
Internacional).
“As estruturas do Banco Mundial e
do FMI sustentam um Plano Marshall às avessas, em que as economias emergentes e
em desenvolvimento financiam o mundo mais desenvolvido. Os fluxos de ajuda
internacional caíram e o custo da dívida dos países mais pobres aumentou”,
apontou.
Criado em 1947, no contexto do
pós-Segunda Guerra Mundial, o Plano Marshall foi um programa de ajuda econômica
dos EUA lançado para apoiar a reconstrução da Europa, por meio de empréstimos e
subsídios.
O brasileiro também pediu maior
participação do Brics nas organizações mundiais.
“Para fazer jus ao nosso peso
econômico, o poder de voto dos membros do Brics no FMI deveria corresponder
pelo menos a 25% — e não os 18% que detemos atualmente. Onde os arranjos
desenhados no pós-Guerra insistem em falhar, o Novo Banco de Desenvolvimento [conhecido
como Banco do Brics] dá uma lição de governança”, continuou Lula.
Brics: países-membros e
parceiros
Integrantes permanentes
- África do Sul
- Arábia Saudita
- Brasil
- China
- Egito
- Emirados Árabes
Unidos
- Etiópia
- Indonésia
- Índia
- Irã
- Rússia
Nações parceiras
- Belarus
- Bolívia
- Cazaquistão
- Cuba
- Malásia
- Nigéria
- Tailândia
- Uganda
- Uzbequistão
- Vietnã

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