Atleta da elite mundial, Phil Rajzman está produzindo,
pela primeira vez, no Brasil, cinco modelos de pranchas
e também quilhas com paletes reciclados. Foto: Mário Nardy
Há 14 anos, o carioca aprendeu na Califórnia a arte de
fabricar pranchas, mas resolveu, pela primeira vez, produzir no Brasil
equipamentos de alto rendimento para longboard. Além de pranchas, produz
quilhas com madeiras recicladas de paletes.
As manobras clássicas
e progressivas ou modernas do bicampeão mundial de longboard, Phil Rajzman, são
ainda mais enaltecidas quando o equipamento de competição é desenvolvido pelo
próprio atleta. Movido a desafios e devido à pandemia, que o impossibilitou de
trazer novos equipamentos do exterior, há um ano, o longboarder passou a
fabricar pranchas para uso próprio no Rio de Janeiro. Assim, amigos e
participantes de suas clínicas (Surf Experiences) logo iniciaram os pedidos e,
pela primeira vez no Brasil, nasceram as pranchas assinadas pelo atleta que se
transformou rapidamente em um negócio promissor. Atualmente, as encomendas
chegam de várias partes do país, com previsão de entrega para pelo menos dois
meses. Vale ressaltar que há anos Rajzman tem pranchas assinadas junto a Hobie,
pioneira no mercado de pranchas no mundo, com sede na Califórnia (EUA).
“Aprendi a
produzir minhas próprias pranchas em 2007, na Califórnia, junto com a Hobie e
renomados shapers. Mas é a primeira vez que faço pranchas sem ter uma empresa
por trás, porque quando começou a pandemia ficou inviável trazê-las de lá”,
explica Rajzman, morador de Búzios, no litoral norte do Rio de Janeiro. Desde
2020, o atleta passou a desenvolver equipamentos para uso individual e para
competição, de acordo com a necessidade do cliente, mas sobretudo para
longboard, sua especialidade.
Representando o
Brasil na primeira divisão do circuito mundial de surfe desde 1997, Rajzman
sempre se interessou pelo aprendizado dos shapes, pela criação de novos
equipamentos e sobre a importância da prancha certa para cada estilo. Para
tanto, aprendeu e tem como referência o trabalho de profissionais de peso do
segmento nos Estados Unidos e Europa, entre eles, os americanos Terry Martin
(falecido em 2012) e Gary Larson e o inglês Ben Skinner, conhecido como Skin
Dog.
Uma prancha de
longboard, mais conhecida como pranchão, precisa ter ao menos 9 pés, medida
padrão internacional equivalente a 2,70 metros, e são cinco os modelos by Phil
Rajzman: Blue Monkey (Clássico), Yellow Monkey (Clássico Competição), Red
Monkey (Híbrido), Purple Monkey (Híbrido Competição) e Orange Monkey
(Progressivo). As fabricadas pelo atleta são pranchas de alto rendimento e para
todos os níveis – avançado, intermediário e iniciante.
Já para os
iniciantes, Rajzman também desenvolve equipamentos em parceria com a Maré
Pranchas, uma das maiores fabricantes no Brasil de pranchas soft e bodyboards,
com 32 anos de tradição. “As que desenvolvo com a Maré são pranchas mais macias
(soft board) e ideais para iniciantes e escolinhas de surfe. O meu modelo tem
uma característica diferenciada com fundo rígido e quilhas de encaixe
removíveis que possibilita um surfe com performance melhor”, conta.
Vários fatores
são levados em consideração, sobretudo o local escolhido para surfar, a
habilidade e o desenvolvimento do surfista e o material a ser usado na
fabricação do equipamento. Rajzman destaca que alguns detalhes são
imprescindíveis para compor uma boa prancha e vai muito além do design. “Estou
criando blocos de curvas e densidades diferentes, com estrutura de longarina
(madeira que fica no meio do bloco), estrutura de laminação formada por tecido
importado de alta qualidade mais resina, que tornam a prancha mais resistente e
fazem a diferença quando é colocada na água. Tudo é uma combinação de fatores
para a produção de uma prancha ideal, que atenda a necessidade de cada um no
desenvolvimento no surfe”, conta.
Sustentabilidade
com performance - Paralelamente, o carioca desenvolve quilhas com a estrutura
central de madeira, a partir de paletes reciclados. As quilhas exercem enorme
influência no desempenho dos surfistas por regular o fluxo e a pressão da água,
dão velocidade e garantem maior controle da prancha. “Geralmente a quilhas são
feitas com 100% de fibra e resina, o que as deixam mais rígidas. Já as de
madeira proporcionam um maior controle de flexibilidade e um melhor desempenho
na hora de surfar, além da questão ecológica que sempre foi uma preocupação
presente na minha trajetória.”
Faça chuva ou
sol, calor ou frio, diariamente os frequentadores da praia de Geribá, em Búzios
(RJ), podem acompanhar os treinos do atleta com uma de suas pranchas ou
testando novos equipamentos. ‘Curto muito a filosofia polinésia do Duke
Kahanamoko (lendário surfista havaiano), pai do surfe moderno, que tem uma
frase que define bem o que acredito que o “melhor surfista é aquele que se
diverte dentro da água”, independentemente do tamanho do mar, do nível do surfe
e é isso que importa para mim”, finaliza.
Sobre Phil
Rajzman – Carioca, 38 anos, o atleta tem o esporte em sua genética, já que é
filho do medalhista olímpico de vôlei Bernard Rajzman e da ex-patinadora
profissional Michelle Wollens. Atleta da elite mundial do surfe é bicampeão
mundial de longboard (2007 e 2016), bicampeão Pan-Americano (2007/2009),
campeão Sul-Americano (2017), entre outros títulos. Rajzman é também
empresário, produz suas próprias pranchas, já teve um programa de TV,
participou de filmes e comanda projetos sociais no Rio de Janeiro. Tudo o que
produz está relacionado ao esporte, bem-estar e ao lifestyle que o surfe
proporciona. Protagonizou o filme Surf Adventures I e II (2002/ 2008),
apresentou o programa ‘9 Pés’, no Canal Off (2014 a 2017); e idealizou e
coordena, com sua esposa Julli, o Projeto Respirar, que oferece aulas de surfe,
entre outras atividades, para crianças de baixa renda das comunidades do Rio de
Janeiro. Também é padrinho do projeto Surf no Alemão, idealizado pelo surfista
Wellington Cardoso, que transforma a realidade de dezenas de meninos e meninas
desde 2011. Rajzman começou a pegar onda aos três anos de idade. Desde cedo foi
reconhecido como uma das maiores promessas do surfe do país, tanto que, aos 14,
conquistou seu primeiro pódio nacional entre veteranos. Aos 15 anos já era
figura conhecida no mundo do surfe, impressionando com grandes performances em
ondas gigantes no Havaí. Desde 2019, o longboarder mora em Búzios/RJ, mas
costuma passar temporadas no Havaí, assim como na Califórnia (EUA).
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