
O deputado
federal Eduardo Bolsonaro reiterou suas críticas à condução da pandemia do
coronavírus pelo governo da China nesta quinta-feira (19), em entrevista
exclusiva à CNN Brasil.
O parlamentar
afirmou que se baseou em fontes da imprensa nacional e internacional para
afirmar que o regime chinês dificultou a identificação da COVID-19, em situação
semelhante ao acidente nuclear da usina de Chernobyl durante o período da União
Soviética.
"Todo
mundo fala o que eu falei nessa comparação entre Chernobyl e o coronavírus. O
Mario Vargas Llosa, prêmio Nobel de literatura, falou isso e também sofreu
críticas da embaixada da China no Peru. A China está preocupada em não levar
esse questionamento sobre onde veio o vírus ao mundo", disse o deputado.
Eduardo
Bolsonaro também fez coro à fala do ministro das Relações Exteriores, Ernesto
Araújo, de que o embaixador chinês Yang Wanming deve desculpas ao presidente
Jair Bolsonaro por uma fala que compartilhou nas redes sociais com críticas ao
chefe do governo brasileiro.
"O momento
é de colocar bola no chão, exigir um pedido de desculpas porque o presidente
não tem nada a ver com isso e lembrar não posso ser cerceado no meu direito de
falar", disse o deputado, que reiterou que não se arrependeu e não
acredita que deva desculpas ao governo chinês.
"Eu não me
arrependi. Na verdade, a nota [divulgada por ele na tarde desta quinta] foi uma
nota de esclarecimento e não um pedido de desculpa", afirmou. Ele também
afirmou que "dispensa" o pedido de desculpas feito ao embaixador Wanming
pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). "Se formos falar de
representatividade, eu tenho 25 vezes mais votos que ele [Maia]", disse.
Eduardo
Bolsonaro afirmou que sua fala deve ser vista como a de um deputado federal e
não como a do filho do presidente da República. "Pessoas tentam se
aproveitar politicamente da minha fala para gerar um desgaste no governo. Eu
tenho meu senso de responsabilidade, mas eu sou um deputado eleito como todos
os outros".
Diplomacia
Apesar das
críticas, o deputado federal afirma que pretende se encontrar com o embaixador
para conversar sobre o que chamou de "mal estar". "Acredito que
mais cedo ou mais tarde a gente vá se encontrar e passada toda essa
turbulência, nós vamos ter uma bate papo bem amistoso", afirmou.
Qu Yuhui,
ministro-conselheiro da Embaixada da China, afirmou nesta quinta à CNN Brasil
que o
país considera insuficientes as falas manifestadas pelo Brasil sobre o
imbróglio e que o assunto é acompanhado pelas principais autoridades chinesas,
incluindo o presidente Xi Jinping.
“Não era o que
queríamos. O Ministério das Relações Exteriores tem que saber de quem partiu a
provocação. Essa é a premissa. O que pedimos é um pedido de desculpa do
deputado Eduardo Bolsonaro mas não há sinal de que isso será feito”, afirmou.
Comércio
Na entrevista
à CNN Brasil, o deputado Eduardo Bolsonaro afirmou que não acredita
que as relações comerciais entre Brasil e China possam ser prejudicadas por
esse desentendimento.
"O Brasil
e a China têm uma relação madura, uma relação de décadas e esse tipo de relação
comporta pontos de diferentes e críticas pontuais. Se a gente parar para ver,
quantos parlamentares criticam, por exemplo, os Estados Unidos, que são nosso
segundo maior parceiro comercial? E nem por isso se fala em abertura de
qualquer tipo de boicote ou retaliação".
Rodrigo Maia
não comenta
Procurado sobre
as declarações de Eduardo Bolsonaro, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), preferiu não se manifestar e escolheu o líder do PSDB, deputado
Carlos Sampaio (PSDB-SP), para falar em seu nome.
À CNN
Brasil, Sampaio disse que as afirmações de Eduardo Bolsonaro são
"inacreditáveis". "O mundo vive uma desaceleração da economia, é
inacreditável criar problema com nosso maior parceiro. É no mínimo falta de
inteligência. O presidente Rodrigo Maia não atua como primeiro-ministro, e sim
como alguém que cria pontes para o bem do país. Agiu bem em pedir desculpas em
nome do Parlamento".
Araújo critica
embaixador
O ministro das
Relações Exteriores, Ernesto Araújo, criticou o embaixador da China no Brasil
por ter retuitado em sua conta o comentário de um seguidor que chamava a
família Bolsonaro de veneno, antes de dizer que as posições de Eduardo não
refletem as do governo brasileiro.
Em uma nota
divulgada em sua conta no Twitter, Araújo concentra o texto em críticas aos
chineses.
"As
críticas do deputado Eduardo Bolsonaro à China, feitas também em postagens
ontem à noite, não refletem a posição do governo brasileiro. Cabe lembrar,
entretanto, que em nenhum momento ele ofendeu o chefe de Estado chinês. A
reação do embaixador foi, assim, desproporcional e feriu a boa prática
diplomática", escreveu Araújo.
Guilherme
Venaglia, Murillo Ferrari e Leandro Magalhães Da CNN Brasil, em São Paulo e em
Brasília*
Sobre postagens recentes e a relação Brasil-China: pic.twitter.com/8jxfYoBaQy— Ernesto Araújo (@ernestofaraujo) March 19, 2020
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