Policiais da Força Nacional estão em Fortaleza para reforçar segurança.
João Dijorge / Estadão Conteúdo / 23.02.2020
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Número de
homicídios dolosos, feminicídios e latrocínios deu um salto depois que PMs
cearenses deflagaram motim que entra hoje em seu oitavo dia
Ao menos 170
pessoas foram assassinadas em apenas uma semana, no Ceará. Dados divulgados
nesta terça-feira (25), pela secretaria estadual da Segurança Pública e Defesa
Social, revelam que o número de homicídios dolosos (quando o assassino age com
a intenção de matar), feminicídios e latrocínios (furto seguido de morte) deu
um salto depois que parte dos policiais militares cearenses deflagaram um motim
que entra hoje em seu oitavo dia. A categoria, incluindo policiais que
continuam trabalhando normalmente, rejeita a proposta de reajuste salarial
apresentada pelo governo estadual e cobra melhores condições de trabalho.
Só ontem (24),
foram registrados 23 Crimes Violentos Letais Intencionais no estado. Número
quase sete vezes maior que os três assassinatos registrados na segunda-feira
(17) anterior, véspera do início do motim que já produziu cenas de PMs ocupando
unidades militares, homens mascarados esvaziando pneus de viaturas e
determinando que comerciantes fechassem estabelecimentos comerciais. Em Sobral,
o senador licenciado Cid Gomes (PDT-CE) foi baleado na última quarta-feira
(19), ao usar uma retroescavadeira para tentar desocupar um batalhão da PM
tomado por policiais.
A secretaria
vem divulgando o número de crimes registrados dia após dia, ao longo da última
semana, para demonstrar o impacto do motim policial. Na terça-feira (18), dia
em que teve início os protestos militares, foram registrados cinco assassinatos
— dois a mais que na véspera. Já na quarta-feira (19), o número de ocorrências
saltou para 29. Na quinta-feira (20) foram 22 registros. Na sexta-feira (21),
houve o maior número de vítimas até o momento: 37. A partir daí, os ocorrências
diárias passaram a cair: no sábado (22) foram 34; no domingo (23), 25, e,
ontem, 23 casos.
Legalmente,
policiais militares são proibidos de fazer greve, motivo pelo qual os protestos
da categoria são classificados como motim. Na sexta-feira (21), o governo
cearense afastou por 120 dias 168
policiais militares que participam da paralisação. Os agentes deverão
entregar identificações funcionais, distintivos, armas, algemas, além de
quaisquer outros itens que os caracterizem nas suas unidades e ficarão fora da
folha de pagamento a partir deste mês de fevereiro.
Os inquéritos
militares instaurados contra os agentes afastados serão julgados pela Justiça
Militar. Já os procedimentos administrativos disciplinares serão realizados
pela CGD (Controladoria-Geral de Disciplina) da própria Polícia Militar.
A pedido do
governo cearense, mais de uma centena de policiais da Força Nacional
desembarcaram em Fortaleza na última quinta-feira para reforçar a segurança. No
mesmo dia, o presidente Jair Bolsonaro autorizou o emprego de até 2,5 mil
militares das Forças Armadas no estado. O decreto de GLO (Garantia da Lei e da
Ordem) foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União e vale pelo
período de 20 a 28 de fevereiro, prazo que pode ser prorrogado. Policiais
rodoviários federais também reforçarão o patrulhamento ostensivo.
Ontem, uma
comitiva integrada pelos ministros da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro,
da Defesa, Fernando Azevedo, e da AGU (Advocacia-Geral da União), André
Mendonça, visitou o estado. Ao conversar com jornalistas, Moro disse que a
situação está sob controle e que espera que a paralisação de parte dos
policiais militares do estado seja resolvida brevemente.
Da Agência Brasil
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