Entenda a disputa entre o presidente Vizcarra e o Congresso do Peru | Rio das Ostras Jornal

Entenda a disputa entre o presidente Vizcarra e o Congresso do Peru


Martín Vizcarra e Mercedes Aráoz
Foto: Peruvian Presidency / Andrea Verdelli / via REUTERS
Na segunda-feira (30), Martín Vizcarra dissolveu o Parlamento. Em reação, parlamentares declararam a sua suspensão temporária e nomearam sua vice para a presidência.
A disputa entre o presidente do Peru, Martín Vizcarra, e o Congresso levou o país a um grave impasse institucional na segunda-feira (30). Após dissolver o Parlamento e convocar novas eleições para 2020, o Congresso o suspendeu temporariamente e nomeou a vice dele, Mercedes Aráoz, para a presidência da república.
A crise política se agravou quando o presidente Martín Vizcarra tentou alterar o modelo de escolha dos membros do Tribunal Constitucional em uma tentativa de evitar que a suprema corte fosse controlada pela oposição.
O Congresso, que é controlado pela oposição fujimorista e que indica os novos nomes para a corte suprema, ignorou o projeto presidencial. Face à resistência dos parlamentares, Vizcarra dissolveu o Parlamento na segunda-feira e convocou eleições parlamentares.
Logo em seguida, o Congresso aprovou a suspensão "temporária" de Vízcarra por "incapacidade moral" e nomeou para seu lugar a vice-presidente Mercedes Aráoz. Ela prestou juramento imediatamente depois.
A escalada da crise levou os responsáveis pelas Forças Armadas e pela Polícia Nacional a se reunirem com Vizcarra para demonstrar "seu total apoio à ordem constitucional e ao presidente".
A destituição definitiva de Vizcarra está prevista para ser votada na sexta-feira.
- Quando começa a tensão política nesse governo?
Encurralado pelo escândalo de corrupção envolvendo a construtora brasileira Odebrecht e pela forte oposição do Congresso, Kuczynski renunciou em março de 2018 após 1 ano e 7 meses no poder.
Em seu lugar assumiu o seu vice, Martín Vizcarra, que enfrenta desde então um cerco permanente da oposição. O mais recente dos embates entre o Executivo e o Legislativo ocorreu no início desta semana.

Presidente do Peru, Martín Vizcarra, anuncia fechamento do Congresso e convocação de novas eleições — Foto: Peruvian Presidency/Handout via Reuters
- Por que o governo é contra a reforma do Tribunal Constitucional?
Vizcarra ganhou grande popularidade ao liderar uma cruzada contra a corrupção em um país onde os quatro presidentes anteriores foram investigados por recebimento de benefícios da Odebrecht. Um deles, Alan García, se matou para evitar a prisão.
O Tribunal Constitucional é encarregado de interpretar a Carta Magna e funciona como última instância judicial para entrar com recursos.
Na avaliação de Vizcarra e de juristas independentes, o processo de renovação dessa corte não tem transparência. Seis dos nove candidatos foram denunciados à justiça.
- Por que dissolve o Parlamento e convoca novas eleições?
Na sexta-feira (27), em uma tentativa de barrar a eleição dos novos integrantes para o tribunal, o governo apresentou ao Congresso um projeto de reforma e projeto um voto de confiança. Na segunda, o Congresso decidiu ignorar o pedido do presidente.
A Junta de Porta-Vozes do Congresso prosseguiu com a sessão como ela estava prevista – primeiro elegeria os magistrados e depois avaliaria a moção de confiança. Durante a sessão, foi eleito um magistrado: um primo do presidente do Congresso, o advogado Gonzalo Ortiz de Zevallos com 87 votos, o mínimo necessário.
Porém, a congressista de esquerda María Elena Foronda afirmou que seu voto foi fraudado e apareceu como favorável na contagem (o oposto do que ela disse ter votado). Ela cobrou uma investigação do Ministério Público. Protestos obrigaram o adiamento da escolha dos outros cinco nomes.
Vizcarra decidiu, então, dissolver o Congresso por considerar que os parlamentares ignoraram o seu questionamento.
"Diante da negação factual de confiança, decidi dissolver o Congresso e convocar eleições de congressistas da república", afirmou.
No entanto, de acordo com a BBC, segundos antes de Vizcarra anunciar novas eleições, os parlamentares aprovação a moção de confiança do presidente e declararam que, dessa maneira, a dissolução do Congresso não teria respaldo da Constituição.
- Vizcarra pode dissolver o parlamento?
Em pronunciamento televisionado, Vizcarra anunciou que a dissolução do Congresso está dentro de suas prerrogativas constitucionais e com essa medida busca "dar fim a esta fase de aprisionamento político que impede o Peru de se desenvolver no ritmo de suas possibilidades".
Constituição do Peru prevê em seu artigo 134 a possibilidade de o presidente dissolver o Congresso caso "este tenha censurado ou negado duas moções de confiança do Conselho de ministros". Esta foi a terceira medida do tipo apresentada em menos de um ano, de acordo com a BBC.
Em seu anúncio, o presidente peruano afirmou também esperar que "essa medida excepcional permita que os cidadãos finalmente se expressem e se posicionem nas urnas, e por meio dessa participação, no futuro de nosso país".
As eleições foram marcadas para 26 de janeiro de 2020, segundo decreto publicado em edição extraordinária no Diário Oficial. A legislatura atual do Congresso foi eleita em 2016 para um período que terminaria em 2021.
Uma dissolução do Congresso no Peru não ocorria desde 5 de abril de 1992, quando o então presidente, Alberto Fujimori, deu um "autogolpe" e assumiu plenos poderes com o apoio das forças armadas. Desta vez, no entanto, Vizcarra tem o amparo da Constituição para dar esse passo.
- Qual a reação do Parlamento? Quem é a presidente indicada pelo Parlamento?
Horas depois do anúncio de sua dissolução do Parlamento, o Congresso aprovou a suspensão temporária de Vízcarra por 12 meses, alegando "incapacidade moral". A vice-presidente, Mercedes Aráoz, de 58 anos, foi nomeada para assumir a presidência.
A economista Mercedes Aráoz foi ministra no segundo governo de Alan García (2006-2011). Ela prestou juramento imediatamente como presidente diante do chefe do Legislativo, Pedro Olaechea.
"É meu dever como cidadã, mulher, mãe e vice-presidente assumir este mandato. Teria sido mais fácil renunciar, mas não fujo das minhas responsabilidades, por mais difíceis que sejam as circunstâncias", disse Aráoz.
Ela também criticou o Vizcarro durante o discurso. "Vizcarra não cumpriu três artigos constitucionais. Quero dizer que compartilho da indignação. A solução para uma crise não são ofertas irresponsáveis, fingir que tudo será consertado com a dissolução do Congresso", declarou.
Por G1

Postar no Google +

About Redação

This is a short description in the author block about the author. You edit it by entering text in the "Biographical Info" field in the user admin panel.
    Blogger Comment
    Facebook Comment

0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado pelo seu comentario.
Fique sempre ligado do que acontece em nossa cidade!

Publicidade