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| Para o TCU, qualquer investigação contra jornalista, por parte do Coaf, pode ser caracterizada como desvio de finalidade |
BRASÍLIA -
O Ministério Público junto
ao Tribunal de Contas da União (TCU)
emitiu nesta quarta-feira, 10, ofício em que determina a suspensão, caso esteja
em curso, de qualquer investigação por parte do Conselho de Controle de
Atividades Financeiras (Coaf) nas movimentações financeiras do jornalista Glenn
Greenwald, do site The Intercept Brasil. O despacho de quatro
páginas, o qual o Estado teve
acesso, é assinado pelo Subprocurador-geral do MP, Lucas Rocha Furtado.
“Solicito que seja determinada a suspensão da
elaboração, pelo COAF, de relatório das atividades financeiras do jornalista,
se estiverem em curso, ou a abstenção dessa iniciativa, até que o TCU delibere
quanto ao mérito da representação”, diz trecho do documento.
No final da
última semana, o TCU havia dado 24 horas para que o ministro da Economia, Paulo
Guedes, e o presidente do Coaf, Roberto Leonel de Oliveira, detalhassem se
Glenn foi ou é investigado pelo Conselho, o que, na visão do TCU, fugiria do
papel do órgão.
Para o TCU,
qualquer investigação contra jornalista, por parte do Coaf, pode ser
caracterizada como desvio de finalidade, além de uma afronta à garantia
constitucional de liberdade de imprensa.
Guedes e Leonel
se manifestaram nesta terça-feira, 9. Em ofício encaminhado ao TCU, o ministro da Economia informou não ter conhecimento sobre investigação
contra o jornalista. Justificou ainda que o Coaf tem autonomia técnica
para abrir investigações sem seu conhecimento e negou ter emitido qualquer
ordem nesse sentido. Já Caetano disse que o órgão não se pronuncia sobre “casos
concretos” e não respondeu se a Polícia Federal chegou a pedir investigação nem
se o Coaf começou a monitorar as movimentações financeiras de Greenwald.
Na avaliação do
Ministério Público junto ao TCU, o ministro da Economia e o presidente
substituto do Coaf foram evasivos em suas explicações. “Nem a resposta do
ministro da Economia nem a do presidente substituto do COAF foram claras e
objetivas em responder o cerne da questão”, diz Lucas Rocha, em outro trecho do
documento.
O MP considerou
que a resposta do Coaf e do ministro dão a entender, inclusive, que o Estado estaria
disposto a investigar o jornalista do The Intercept Brasil e
de haver “a real possibilidade de se produzir um Relatório de Inteligência
Financeira” contra ele.
O MP acredita
que o uso de recursos públicos para a elaboração de relatório de atividades
financeiras do jornalista seria um clássico caso de “retaliação à imprensa
perpetrado pela máquina do Estado”.
Segundo Rocha,
as respostas de Guedes endereçadas ao TCU não contribuem com o controle externo
na busca dos esclarecimentos para a grave situação retratada neste procedimento
fiscalizatório. Em outro trecho, Rocha diz que é preciso afastar, mediante
atuação do TCU, qualquer dúvida acerca de eventuais atos autoritários do Coaf.
Diz ainda que o Brasil não pode, e nem quer, se tornar uma “republiqueta de
bananas”.
“Somente em uma
republiqueta de bananas – o que o Brasil não quer ser – seria correto usar o
aparelho estatal para perseguir qualquer pessoa que contrariasse, com sua
atividade profissional, o interesse dos ocupantes momentâneos do poder
estatal”, reforça.
Patrik
Camporez

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