Presidentes
dos países do Mercosul, durante encontro no
Paraguai, em junho — Foto: Cesar Itiberê/PR
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Partes
negociam desde 2000 acordo com base em três pilares: o diálogo político, a
cooperação e o livre-comércio.
A União
Europeia (UE) e o Mercosul iniciaram nesta segunda-feira (12) uma nova rodada
de negociações com o objetivo de avançar o máximo possível nos assuntos
pendentes para um acordo de associação antes que Jair Bolsonaro tome posse com
o presidente do Brasil em janeiro.
As equipes
negociadoras dos dois blocos se reúnem a partir de hoje em Bruxelas para as
conversas que durarão, previsivelmente, até a próxima sexta-feira. No entanto,
fontes do bloco europeu explicaram à Agência Efe que a rodada pode se alongar
em função dos progressos obtidos.
A UE e o
Mercosul negociam desde 2000, com grandes desafios, o acordo com base em três
pilares: o diálogo político, a cooperação e o livre-comércio. No entanto, com a
chegada à reta final das negociações, as partes tentam apressar o calendário
para, se não conseguirem fechar o acordo, tê-lo o mais avançado possível antes
da chegada de Bolsonaro ao poder.
Durante uma
reunião de ministros de comércio dos países da UE na sexta-feira passada, a
comissária europeia de Comércio, Cecilia Malmström, deixou claro que o seu
interlocutor no Brasil continua sendo o atual governo e que os europeus ainda
"não sabem nada" do que será a presidência de Bolsonaro.
"No ano
que vem veremos o que vai acontecer. Por isso, estamos tentando dar o último
empurrão ou, pelo menos, um que seja grande o bastante para chegarmos
verdadeiramente perto" do acordo, reconheceu a comissária europeia.
Malmström
afirmou que os contatos entre UE e Mercosul "foram intensificados"
nas últimas semanas, e que as partes estão "fazendo progressos", mas
ressaltou que "ainda há coisas a fazer".
A presidência
rotativa do Conselho da UE, por sua vez, alertou durante a reunião de ministros
de comércio do bloco que os planos de Bolsonaro podem incluir "renegociar
e reabrir" capítulos do tratado que já eram dados por fechados, a julgar
pelos comentários que ele fez durante a campanha eleitoral.
"Do meu
ponto de vista, não vamos ceder em nada que rebaixe os padrões da Europa, tanto
em agricultura como em produtos industriais", enfatizou a ministra de
Economia da Áustria, Margarete Schramböck, cujo país ocupa a presidência
rotativa da UE neste semestre.
Além disso,
fontes dos países do Mercosul também consideram complicado um acordo com
Bolsonaro no poder.
Na semana
passada, o ministro de Economia e Finanças do Uruguai, Danilo Astori,
considerou "difícil" a consecução do tratado comercial por causa das
diferenças internas nos blocos e pela "incerteza" sobre a postura do
novo governo brasileiro.
Entre os
assuntos sensíveis que ainda impossibilitam o fechamento do acordo estão as
indicações geográficas, os setores automotivo e de laticínios e a oferta da UE
de "acesso ao mercado de produtos", segundo detalhou no mês passado o
chanceler uruguaio, Rodolfo Nin Novoa, que adiantou na época que o Mercosul
levaria novas propostas à UE.
Na rodada de
negociações realizada em Montevidéu em setembro, as duas partes só conseguiram
"progressos limitados" em alguns setores comerciais, como veículos e
autopeças, certas indicações geográficas, laticínios e serviços marítimos.
Na parte
europeia, o secretário de Estado francês para a Europa e Relações Exteriores,
Jean-Baptiste Lemoyne, comentou na sexta-feira, antes do início da atual rodada
de negociações, que seu país, que tem especial interesse em proteger sua
produção agrícola, quer "um acordo equilibrado" que reconheça as
indicações geográficas protegidas europeias e permita melhor acesso ao
Mercosul.
"Por
enquanto, não chegamos lá", disse Lemoyne, que lembrou que Bolsonaro
evocou "inclusive uma saída (do Brasil) do Mercosul".
"Se não há
um acordo equilibrado, não haverá acordo", concluiu o representante
francês.
Fontes da UE
reiteraram para a Efe que o bloco "segue comprometido com uma conclusão
bem-sucedida de um acordo ambicioso, equilibrado e mutuamente benéfico com o
Mercosul, assim que estiverem presentes todos os elementos necessários".
Por Agência EFE
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