© Dida
Sampaio/Estadão Para presidente do PT, a senadora
Gleisi
Hoffman, partido subestimou poder do WhatsApp na
campanha presidencial.
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A cerca de dez
dias do segundo turno das eleições, a presidente do PT, senadora Gleisi
Hoffmann, admitiu que o partido subestimou o poder do WhatsApp na
campanha presidencial. Em conversa com a imprensa nesta quarta-feira, a petista
disse que o partido não se preparou para enfrentar Jair
Bolsonaro (PSL) neste segmento da comunicação, no qual o
adversário construiu uma relação "direta" com a população, de acordo
com avaliação da senadora paranaense.
"Ele
(Bolsonaro) utilizou de outros instrumentos para se comunicar direto com o
povo, essa coisa das redes sociais e principalmente o WhatsApp, o levou a se
comunicar (direto). Eu diria que a comunicação popular do Bolsonaro é
organizada, orquestrada e construída, diferente do Lula que é um líder popular
nato. O Bolsonaro construiu isso", disse. "A gente já tinha isso mais
ou menos no radar, por conta da campanha do (Donald) Trump, mas não nos
preparamos devidamente. Aí tem um erro do PT, de termos subestimado - não as
forças das redes sociais tradicionais, nós disputamos bem (nesse campo). Não
nos preparamos para esta questão do WhatsApp", explicou.
Apesar de
admitir essa fraqueza da campanha de Fernando
Haddad (PT), Gleisi ainda mantém o discurso de que é possível
ganhar no segundo turno. Ela afirmou também que, passado o pleito, as forças
progressistas precisam se reunir para avaliar como resistir aos retrocessos que
serão apresentados no Congresso Nacional.
"Nós temos
que voltar a conversa (forças progressistas). Já tinha um fórum de conversa
entre os partidos, isso tem continuado. Fizemos a reunião lá no PSB (na segunda-feira). Passada a eleição, temos
que fazer avaliação das forças no Congresso Nacional, das forças que estão
aqui. Teve uma bancada conservadora grande que foi eleita, isso vai ter impacto
nas decisões da Casa. Acho que a bancada mais popular e progressista tem que se
organizar, para poder resistir e fazer enfrentamento", argumentou.
Uma das
preocupações da senadora petista é com a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado no âmbito da Operação
Lava Jato. Gleisi admite que quanto mais forças os
"conservadores" tiverem, mais difícil será a libertação do petista.
"Não quero
contar com essa hipótese (Bolsonaro vencer), mas obviamente que as forças do
atraso vão fazer de tudo para que Lula não seja solto. E quanto mais poder
essas forças tiverem, mais difícil vai ser Lula ter liberdade porque é quase um
troféu para as forças conservadoras. Se eles têm como proposta programática
destruir o PT, obviamente vão dificultar o máximo (a soltura de Lula) e vão
para cima do Poder Judiciário", disse.
Sobre o
episódio envolvendo os irmãos Ciro e Cid Gomes, Gleisi refuta qualquer culpa
petista no episódio que tirou do PDT as chances de aliança com o PSB, ainda no
início da campanha presidencial. O caso é tido como o epicentro da rusgas entre
PT e a campanha de Ciro Gomes (PDT). Na época, os petistas retiraram
candidaturas próprias em Estados estratégicos para beneficiar os socialistas.
Em troca, se comprometeram a não apoiar Ciro nacionalmente e ficaram
neutros. No último capítulo desse ressentimento entre as duas legendas,
o senador eleito Cid Gomes (PDT-CE) criticou o PT publicamente por não
"reconhecer erros".
"Querido,
o PT disputa eleição, tem um projeto. E a disputa eleitoral pressupõe você
estabelecer maiorias através do voto. Se nós temos maioria, nós temos que
exercer essa prerrogativa. Não nos cabe pedir desculpas por termos ido ao
segundo turno, por termos feito articulações políticas que nos levaram ao
segundo turno. Isso é da natureza dos partidos políticos. Fizemos as
articulações que achávamos corretas para disputar o processo eleitoral. O povo
entendeu essas articulações como corretas e nos colocou no segundo turno",
rebateu a senadora.
Renan
Truffi/Brasília
Estadão
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