© AP Venezuelanos
carregam sua bagagem ao chegarem
em Pacaraima, Roraima – 09/03/2018
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O número
de venezuelanos que
solicitou refúgio no Brasil dobrou nos últimos cinco meses, segundo dados
publicados pela ONU com
base nas informações das autoridades brasileiras.
De acordo com
os registros, 65.846
venezuelanos fizeram a solicitação de asilo no país até o fim de setembro. Em
abril, eram 32.700 pedidos.
Nesta
terça-feira (16) será realizada em Brasília uma reunião ministerial para
debater a situação da Venezuela, além de buscar coordenação para um fluxo de
imigrantes, que continua sendo intenso. No encontro, o governo deve receber os
números atualizados da Polícia Federal sobre a entrada de venezuelanos e dos refúgios
solicitados.
Mas, segundo
dados já passados à ONU pela PF, o Brasil é o terceiro maior destino de pedidos
de asilo de venezuelanos. O país que mais recebeu solicitações de emigrantes da
Venezuela foi o Peru, com 133.000 solicitações oficiais. O segundo destino são
os Estados Unidos, com 72.000 requisições.
O quarto país
onde os venezuelanos mais solicitaram asilo é a Espanha, seguida por Equador,
Costa Rica e Panamá. A Colômbia aparece na 12ª posição, com 2.057 pedidos
até junho de 2018.
O número de solicitações
de asilo, contudo, não reflete o total da população venezuelana que cruzou a
fronteira. Trata-se apenas do registro daqueles que pretendem ficar nos países
e consideram que estão sendo alvo de perseguições na Venezuela.
No Brasil, se
atendidos, os refugiados receberão todo os benefícios de um cidadão brasileiro,
salvo a nacionalidade e os direitos políticos.
No total,
346.000 venezuelanos já solicitaram essa proteção oficial em algum país pelo
mundo, um número que, em 2018, já é maior que os refugiados sírios. Cerca de
80% desses venezuelanos estão apenas em três países: Peru, Estados Unidos e
Brasil.
Residência
Além desses
pedidos de asilo, existem pelo menos outros 19.000 venezuelanos que solicitaram
residência no Brasil por meio de outros mecanismos de regularização. Segundo
levantamento, 383.000 venezuelanos pediram residência como imigrantes na
Colômbia, 114.000 no Peru e outros 100.000 no Panamá.
Na ONU, os
dados revelam também que a falta de recursos é uma realidade para lidar com
esse novo fenômeno regional. Dos 46 milhões de dólares que a entidade solicitou
da comunidade internacional para a emergência na Venezuela, apenas 55% do
montante conseguiu ser arrecadado.
Apesar de ser
contrário ao regime de Nicolás Maduro, o governo americano contribuiu com
apenas 12 milhões de dólares.
A organização
estima que hoje cerca de 2 milhões de venezuelanos estejam espalhados pelas
Américas, o que cria a necessidade de uma coordenação permanente para garantir
o atendimento a essa população.
Em um dos documentos,
as Nações Unidas não escondem a dimensão da crise. “Com mais de 2,6 milhões de
refugiados e migrantes fora da Venezuela, a América Latina está vivendo o maior
êxodo de sua história”, declarou a organização.
Em visita à
Colômbia, na semana passada, o alto-comissário das Nações Unidas para
refugiados, Filippo Grandi, defendeu que a comunidade internacional faça mais
para ajudar os milhares de venezuelanos que cruzam fronteiras diariamente em
busca de proteção internacional.
“O fluxo
constante de venezuelanos que entram na Colômbia causa enormes desafios para
atender as necessidades humanitárias de todos”, afirmou Grandi. Apenas na
Colômbia, 4.000 venezuelanos cruzam a fronteira por dia. Segundo Grandi, uma
estratégia regional precisa ser desenvolvida com urgência.
(Com Estadão
Conteúdo)
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