O rapper chegou a ser vaiado por parte do público, mas foi até o final. |
O rapper Mano
Brown quebrou o clima festivo do comício de Fernando Haddad na noite desta
terça (23). Em um discurso de pouco mais de três minutos, ele disse achar que a
eleição já estava decidida e disse que se o PT "não conseguiu falar a
língua do povo, tem que perder mesmo". Diante de Fernando Haddad, ele
criticou a falha de comunicação da campanha.
"Vim
apenas me representar. Não gosto de clima de festa. A cegueira que atinge lá,
atinge aqui também. Isso é perigoso. Não tá tendo clima pra comemorar",
disse o cantor, que calou o público nos arcos da Lapa.
"Tá tendo
quase 30 milhões de votos pra tirar. Não estou pessimista. Sou realista. Não
consigo acreditar, pessoas que me tratavam com carinho se transformaram em
monstros. Se em algum momento a comunicação falhou aqui, vai pagar o preço. A
comunicação é a alma. Se não conseguir falar a língua do povo, vai perder
mesmo. Falar bem do PT para torcida do PT é fácil. Tem uma multidão que precisa
ser conquistada ou vamos cair no precipício. Tinha jurado não subir no palanque
de mais ninguém", acrescentou Brown.
O rapper chegou
a ser vaiado por parte do público, mas foi até o final.
"Não vim
aqui ganhar voto. Acho que já tá decidido. Se errou, tem que pagar mesmo",
afirmou o cantor.
"Não gosto
do clima de festa. O que mata a gente é o fanatismo e a cegueira. Deixou de
entender o povão, já era. Se somos o Partido dos Trabalhadores, tem que
entender o que o povo quer. Se não sabe, volta pra base e vai procurar
entender. As minhas ideias são essas. Fechou", completou.
O público
ensaiou uma vaia à fala de Mano Brown. Caetano Veloso pegou o microfone e saiu
em defesa do rapper.
Segundo
Caetano, o discurso de Brown representa a complexidade do momento. Caetano
disse que o país vive a "imbecilização da sociedade" e concordou com
Brown que não seria hora de festa. "A fala do Mano traz a complexidade do
momento".
O Brasil tem
sido bombardeado há décadas por discursos de sociólogos que usam palavrões em
suas análises e apostam na imbecilização da sociedade. Temos que encontrar
meios de dizer a esses eufóricos [eleitores do Bolsonaro] do perigo à
democracia. Me oponho a 'cafajestização' do homem brasileiro", disse.
Caetano declarou apoio a Haddad na semana passada após ter declarado voto em
Ciro Gomes (PDT) no primeiro turno.
Chico Buarque
também aproveitou seu discurso para defender Mano Brown. Segundo o cantor, ele
entende o sentimento de Brown, mas afirmou que ainda acredita na vitória de
Haddad no segundo turno.
"Eu
entendo o Mano Brown, tendo a concordar, sei que vai ser difícil, mas eu ainda
acredito ser possível", disse.
Chico disse que
pode ocorrer de pessoas que votaram em Bolsonaro no primeiro turno se
sensibilizem com discursos agressivos do capitão da reserva e episódios de
violência política nas últimas semanas.
"Talvez
aqueles eleitores que votaram em Bolsonaro, os chamados coxinhas, se
sensibilizem com essa onda de boçalidade, com morte de gays, trans, travestis,
mulheres, negros e capoeiras. Quem sabe o povo pobre, que votou em Bolsonaro,
contra si mesmo porque a proposta dele vai contra essas pessoas, mude de ideia
na hora do voto. Não queremos mais mentira, não queremos mais a força bruta.
Queremos Fernando e Manuela", disse ele, seguido de gritos de "eu
acredito" do público.
Com informações
da Folhapress.
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