© Reuters O
rapper Mano Brown discursa em evento
com Haddad e
a candidata a vice Manuela D'Ávila ao fundo
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O comício
contava com a presença de Manuela
D’Avila, candidata a vice-presidente na chapa de Fernando
Haddad, Guilherme Boulos (PSOL)
e artistas como Caetano Veloso e Chico Buarque, além do próprio Brown.
Somente o
rapper assumiu uma posição mais crítica ao falar do partido — o que rendeu
diversas vaias e até alguns aplausos (leia na íntegra no final da matéria). “O
que mata a gente é a cegueira e o fanatismo”, falou Brown em resposta às vaias.
Logo depois
Caetano Veloso pegou o microfone e saiu em defesa de Brown. “Eu acho que a fala
do Mano Brown é muito importante porque traz a complexidade do nosso momento.”
Também citou uma “imbecilização da sociedade” e disse que, como o rapper
dissera anteriormente, “o momento não é de festa”.
Confira o
vídeo:
“Acho que já
está decidido”
“Não vim aqui
para ganhar voto porque eu acho que já está decidido”, foi uma das frases de
Mano Brown na noite de ontem. Ao som de vaias, Brown disse não ser “pessimista,
mas realista”. “Não está tendo [sic] motivo para comemorar, tem quase 30
milhões de votos para alcançar aí, nem temos expectativa para alcançar, para
diminuir essa margem”, afirmou.
No final da
noite de terça, Haddad disse que “compreende, entende e respeita o que falou o
Mano Brown” e que a fala dele teria um “significado muito importante”. “Tem
irmãs e irmãos nossos que estão na periferia revoltados e com razão com tudo
que está acontecendo. Precisamos dar razão para as pessoas para conquistá-las”,
comentou o candidato do PT.
Bolsonaro acha estranho que eu tenha eleitores
críticos como Mano Brown e Cid Gomes. Bolsonaro estranha porque não admite
críticas. Eu convivo com críticas e um governo democrático convive com
críticas. Bolsonaro não.
Leia o que o
rapper disse:
“Eu não
gosto do clima de festa. A cegueira que atinge lá atinge nós também. Isso é
perigoso. Não está tendo motivo para comemorar, tem quase 30 milhões de voto
para alcançar aí, nem temos expectativa nenhuma para alcançar, para diminuir
essa margem, não estou pessimista, sou realista. Não consigo acreditar que
pessoas que me tratavam com tanto carinho, pessoas que me respeitavam, me
amavam, me serviam café de manhã, que lavavam meu carro, que atendiam meu filho
no hospital, se transformaram em monstros. Eu não posso acreditar nisso. Não
posso acreditar… Essas pessoas não são tão más assim.
Se em algum
momento a comunicação do pessoal aqui falhou [do PT], vai pagar o preço porque
a comunicação é alma. Se não está conseguindo falar a língua do povo, vai
perder mesmo. Falar bem do PT para a torcida do PT é fácil, tem uma multidão
que não está aqui que precisa ser conquistada ou a gente vai cair num
precipício. E eu tinha jurado para mim mesmo nunca mais subir em palanque de
ninguém porque política não rima, não tem swing, não tem balanço, não tem nada
que me interessa. Eu gosto de música.
Mas estou
vendo casais se separando, amigos de 35 anos deixando de se falar, tenho amigos
que eu não tenho mais como olhar no rosto por causa de política. Não vim aqui
para ganhar voto porque eu acho que já está decidido. Agora, se falhou, vai
pagar. Errou vai ter que pagar mesmo. Não gosto do clima de festa. O que mata a
gente é a cegueira e o fanatismo. Deixou de entender o povão, já era. Se nós
somos o Partido dos Trabalhadores, o partido do povo, temos que entender o que
o povo quer. Se não sabe, volta para a base e vai procurar saber.”
Tamires
Vitorio
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